A telemedicina será um dos legados da pandemia

Young Asia lady using computer laptop talk about a disease in video conference call with senior doctor online consultation in living room at home. Social distancing, quarantine for coronavirus concept

Ana Carolina Lucchese

 Os momentos de adversidades que estamos vivendo, certamente, não serão em vão. O “novo normal”, que é bastante anormal, um dia irá passar e retomaremos a vida de forma bem diferente do que era antes da pandemia. Iremos olhar para as coisas de forma mais solidária, com mais compaixão e valorizando cada abraço, cada encontro familiar, sem medo.

A Covid-19 trouxe inúmeros desafios para toda a sociedade e com a medicina não foi diferente. Estivemos e ainda estamos no olho do furacão, enfrentando essa guerra onde conhecemos pouco do inimigo. É uma luta diária, uma batalha por vez a ser vencida.

Um dos legados que essa pandemia já nos deixa é a telemedicina. Todos nós nos habituamos com as soluções digitais e reuniões online. Recursos impensáveis no começo do século passado quando a gripe espanhola vitimou um quarto da população mundial da época, cerca de 500 milhões de pessoas. E naquela epidemia global, o vírus era o influenza, hoje um “velho” conhecido nosso.

Provavelmente, se os recursos de comunicação fossem disponíveis em 1918/19, milhões de vidas teriam sido salvas, como estão sendo agora com a Covid-19, onde podemos nos articular para promover campanhas massivas de uso de máscara, distanciamento social e até as informações sobre a vacina, para caminharmos com a imunização da população de forma mais ágil.

A telemedicina, que por tanto tempo foi discutida e nunca regulamentada, teve na pandemia a oportunidade para mostrar para que serve e em quais situações pode ser usada. Uma pesquisa* realizada pela Associação Paulista de Medicina revelou que 70% consideram que ela pode ampliar o atendimento médico. Com a telemedicina regulamentada em definitivo pelo Conselho Federal de Medicina, 63% afirmaram que utilizariam o recurso como ferramenta complementar ao atendimento do consultório e outros 25% talvez utilizassem.

Os médicos ouvidos pela APM consideraram a telemedicina uma oportunidade imediata e, talvez, no longo prazo para 69%; e para 90%, a tecnologia digital será capaz de diminuir as filas por atendimentos especializados no serviço público de saúde.

Dois dos maiores e mais respeitados hospitais pediátricos do país – o Pequeno Príncipe em Curitiba e o Sabará em São Paulo – estão atuando em conjunto em relação ao assunto e trouxeram o TytoCare para o Brasil, um kit tecnológico portátil que permite a realização de exame físico em qualquer lugar, basta ter sinal de internet. O Pequeno Príncipe e o Sabará atuam como aceleradores da startup Tuinda Care.

A ferramenta pode ser utilizada no atendimento de crianças e adultos, nas especialidades de pediatria, clínica geral, otorrinolaringologia, pneumologia, cardiologia e dermatologia, entre outras. É possível realizar exame de otoscopia, para avaliar as estruturas do ouvido, como o canal auditivo e o tímpano; analisar possível infecção da garganta, por meio de um depressor de língua; auscultar pulmão, coração e abdômen; medir a temperatura; e fazer imagens de lesões na pele com alta precisão e acurácia.

O TytoCare pode ser utilizado, conforme detectou a pesquisa da APM, para desafogar os atendimentos nos serviços públicos de saúde. Tem sido útil também como um aliado na formação de futuros profissionais, onde o médico preceptor tem acesso exatamente às mesmas informações dos residentes, ambos analisam os mesmos parâmetros e podem discutir os casos de pacientes para encontrarem a melhor solução diagnóstica.

O “novo normal” que irá permanecer tem uma cara tecnológica, mas é somente a conexão, a forma de interligar as pessoas. O olhar humano, o atendimento personalizado sempre haverá de existir na medicina, seja no contato presencial ou no online. A relação médico-paciente seguirá com a mesma qualidade e confiança, apenas mais moderno, quando for possível ser.

Ana Carolina Lucchese é diretora da Tuinda Care

 

 

 

 

 

 

 

 

Crédito da imagem: Freepik

Related posts

Tecnologia robótica e rastreamento por raios X na radioterapia aumentam eficácia e reduzem necessidade de sessões

Transformação Digital nas Empresas Brasileiras: O Papel dos Líderes e dos Data Centers

Setembro em Flor: são esperados 32 mil novos casos de cânceres ginecológicos no Brasil em 2024