Epidemia de dengue: automedicação pode agravar a doença e levar a óbito

Especialista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), alerta sobre riscos e remédios a serem evitados: buscar assistência médica é primordial para tratar a doença

Com os casos de dengue crescendo em todo o país, qualquer sintoma relacionado à doença já acende uma luz vermelha – febre, dor de cabeça, dores no corpo, dor atrás dos olhos, fadiga, manchas vermelhas, entre outros – e merecem atenção. E um dos erros mais comuns é que pessoas, por desconhecerem as consequências, tentam amenizar os sintomas com a automedicação, que é um grande risco, especialmente se, de fato, o diagnóstico for positivo para a dengue.

Por isso, especialistas alertam sobre os medicamentos contraindicados para casos de suspeita de dengue. Na dúvida, o mais correto é sempre buscar auxílio em um Pronto Atendimento, Unidade Básica de Saúde e outros serviços do gênero. Afinal, os índices do Ministério da Saúde (MS) ressaltam que a proliferação da doença em nosso país segue em ritmo acelerado: desde janeiro, deste ano foram registrados 512.353 casos prováveis de dengue, com 340 sendo investigados e 75 óbitos confirmados.

Em Campinas, são 2.857 casos, média de 68 novos por dia em 2024. Não há mortes confirmadas, mas o número, em menos de dois meses, supera a epidemia do ano passado, que bateu 2,8 mil confirmações somente durante abril.

Não indicados

Médica Clínica Geral e Coordenadora do Pronto Socorro do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), Carla Roballo Bertelli destaca que uma das principais classes de medicamentos a serem evitados são os anti-inflamatórios, que muitas vezes são comercializados sem receita médica e podem levar a sérias complicações. “Por interagirem com as plaquetas (que atuam no sistema de defesa do corpo e têm função de coagular o sangue), diminuem a função plaquetária e reduzem a coagulação sanguínea. Com isso, os anti-inflamatórios podem aumentar o risco de hemorragia, agravando a doença”, explica. Importante destacar que as hemorragias desencadeadas podem ser internas, levando a um risco maior de complicações pela doença.

A especialista também alerta que as pessoas que fazem uso de ácido acetilsalicílico, o popular AAS (também conhecido pelo nome comercial de aspirina), cuja função é analgésica e antiagregante, precisam de atenção especial, principalmente nos pacientes que fazem uso rotineiro. “Nesses casos, temos que fazer um acompanhamento clínico diário, para avaliar plaquetas e ver se há a necessidade de suspensão da medicação”, esclarece.

Cuidados devem ser mantidos em casa

Em casa, a recomendação é ingerir muito líquido, para garantir uma boa hidratação. “A dengue provoca inflamação e faz o líquido ‘escapar’ dos vasos sanguíneos e, por isso, a hidratação deve ser muito rigorosa. Além de água, chás, água de coco e suco, é importante ingerir soros, encontrados em farmácias e postos de saúde, para repor os sais perdidos pelo corpo”, salienta a médica.

Sintomas

A dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti contaminada pelo vírus. Os sintomas iniciais são febre alta, com duração de dois a sete dias; dores de cabeça, no corpo, nas articulações e atrás dos olhos; fadiga; e manchas vermelhas pela pele. Em casos mais graves, são acompanhados de dor abdominal intensa e contínua, vômitos, acúmulo de líquidos, sangramento de mucosa e irritabilidade.

“Em qualquer uma dessas situações, o mais adequado é não se automedicar e se dirigir a um serviço médico para uma avaliação mais profunda. Serão colhidos exames de sangue, para ajudar a identificar a gravidade do quadro, e o paciente receberá informações de quando voltar ao serviço médico em casos de agravamento e evolução da doença”, conclui.

Sobre o Vera Cruz Hospital

Há 80 anos, o Vera Cruz Hospital é reconhecido pela qualidade de seus serviços, capacidade tecnológica, equipe de médicos renomados e por oferecer um atendimento humano que valoriza a vida em primeiro lugar. A unidade dispõe de 166 leitos distribuídos em diferentes unidades de internação, em acomodação individual (apartamento) ou coletiva (dois leitos), UTIs e maternidade, e ainda conta com setores de Quimioterapia, Hemodinâmica, Radiologia (incluindo tomografia, ressonância magnética, densitometria óssea, ultrassonografia e raio x), e laboratório com o selo de qualidade Fleury Medicina e Saúde. Em outubro de 2017, a Hospital Care tornou-se parceira do Vera Cruz. Em quase seis anos, a aliança registra importantes avanços na prestação de serviços gerados por investimentos em inovação e tecnologia, tendo, inclusive, ultrapassado a marca de duas mil cirurgias robóticas, grande diferencial na região e no interior do Brasil. Em médio prazo, o grupo prevê expansão no atendimento com a criação de dois novos prédios erguidos na frente e ao lado do hospital principal, totalizando 17 mil m² de áreas construídas a mais. Há 35 anos, o Vera Cruz criou e mantém a Fundação Roberto Rocha Brito, referência em treinamentos e cursos de saúde na Região Metropolitana de Campinas, tanto para profissionais do setor quanto para leigos, e é uma unidade credenciada da American Heart Association. Em abril de 2021, o Hospital conquistou o Selo de Excelência em Boas Práticas de Segurança para o enfrentamento da Covid-19 pelo Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde (IBES) e, em dezembro, foi reacreditado em nível máximo de Excelência em atendimento geral pela Organização Nacional de Acreditação.

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