A relação entre as redes sociais e a medicina: ética e LGPD na exposição de dados e imagens dos pacientes

É fato que as redes sociais fazem cada vez mais parte do cotidiano e influenciam cada vez mais o comportamento das pessoas. O uso difundido do Instagram, Facebook, Linkedin e outras redes transformou as relações entre as pessoas e, consequentemente, entre médicos e pacientes. Foi a partir daí que surgiu a necessidade de se debater e esclarecer as ações dos profissionais médicos no ambiente digital.

Nos códigos de ética profissional, os itens que se referem à relação médico-paciente reforçam o sigilo das informações como direito do paciente e dever do profissional da saúde. Portanto, neste setor, é preciso ter muito cuidado quando o assunto é marketing digital para que a divulgação não saia do controle e nem prejudique a imagem do profissional nem do paciente. Neste caso, o grande objetivo não deve ser de apenas conseguir novos pacientes, mas gerar autoridade digital em determinados temas de saúde e colaborar para o bem-estar, sem colocar em risco a segurança dos dados. O trabalho nas redes sociais deve estar essencialmente relacionado a conteúdos relevantes que possam servir como fonte de informação para o público em geral, em caráter exclusivo de conscientização e educação da sociedade.

Os vazamentos recorrentes dos dados dos brasileiros levaram, em 2018, a criação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A lei foi implementada com o objetivo de modificar a maneira com que as empresas, de todos os setores, realizam o tratamento dos dados, desde a coleta até o seu compartilhamento. No setor da saúde não é diferente e há muitas informações sensíveis que precisam ser preservadas.

Além disso, ao realizar publicidade na área médica, os profissionais devem estar atentos às normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina, que regulam o que pode ser divulgado e, principalmente, o que não deve ser feito. É importante lembrar que algumas práticas normalmente usadas por empresas nas redes sociais não são permitidas no marketing médico. Então é preciso ficar atento e entender que lidar com informações é tão importante e delicado quanto lidar com saúde.

Dr. Igor Santos é médico radiologista e superintendente da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)