A aprovação chega em resposta à uma necessidade médica não atendida de linfomas não-Hodgkin de difícil tratamento
Gilead e Kite, anunciam que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) acaba de aprovar Yescarta® (axicabtageno ciloleucel) para tratamento de pacientes adultos com linfoma de grandes células B (LGCB), incluindo linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), linfoma primário do mediastino de grandes células B, linfoma de células B de alto grau e LDGCB surgindo de linfoma folicular e linfoma folicular (LF) recidivado ou refratário após dois ou mais tratamentos[i].
Axicabtageno ciloleucel (Yescarta®) é um tipo de terapia celular na qual as células T de uma pessoa (um tipo de célula do sistema imunológico) são extraídas e geneticamente modificadas para reconhecerem alvos de células tumorais, neste caso, a presença do CD19 na superfície de células B do linfoma. Yescarta® provou induzir resposta completa (sem câncer detectável) em pacientes com LGCB e LF recidivado/refratário, considerados formas difíceis de tratar de linfoma não-Hodgkin (LNH), particularmente na forma refratária.
No Brasil, são estimados mais de 12.000 casos de linfoma não-Hodgkin anualmente[ii]. LDGCB e LF são as formas mais comuns de LNH, representando cerca de 30% e 22% de todos os casos, respectivamente[iii]. O prognóstico para ambos os tipos é ruim, sendo que pacientes com LDGCB que não respondem ao tratamento (refratários) ou inicialmente respondem e depois falham (recidivados) apresentam uma mediana de sobrevida global de apenas seis meses[iv]. No caso de Linfoma Folicular, apenas 20% dos pacientes estão vivos em cinco anos após a segunda recidiva[v].
“Ainda existem lacunas significativas no tratamento de pacientes com LDGCB e LF que recidivaram ou se tornaram refratários às terapias disponíveis”, diz Jayr Schmidt Filho, líder do centro de referência de neoplasias hematológicas do A.C Camargo Cancer Center, “Yescarta® oferece uma nova opção de tratamento com potencial curativo para pacientes com prognóstico ruim e que atualmente possuem poucas opções de tratamento.”
“Na Kite, estamos comprometidos em oferecer a opção da terapia com células CAR T para o maior número de pacientes que possam se beneficiar”, diz Diego Santoro, gerente geral da Kite Intercontinental. “Para aqueles que enfrentam as incertezas e os desafios de um diagnóstico agressivo de linfoma no Brasil, o marco de hoje oferece o potencial de sobrevida e nos aproxima um passo de mudar a forma como o câncer é tratado”.
A aprovação regulatória utilizou como base resultados de dois estudos, ZUMA-1 que avaliou o uso de Axicabtageno ciloleucel no tratamento de pacientes adultos com LGCB refratário ou recaído e ZUMA-5, que avaliou pacientes adultos com LF, que receberam pelo menos duas linhas anteriores de tratamento1.
No estudo de braço único ZUMA-1, internacional, multicêntrico, de Fase 2, que avaliou pacientes com LGCB agressivo e refratário, 83% dos pacientes que receberam Axicabtageno ciloleucel em dose única responderam à terapia, com 58 % atingindo uma resposta completa6. Uma análise de cinco anos do estudo ZUMA-1 demonstrou que, entre todos os pacientes tratados com Axicabtageno ciloleucel, a taxa de sobrevida global (SG) foi de 43% dos pacientes que tiveram resposta completa (RC), a taxa de SG em cinco anos foi de 64% e o tempo médio de sobrevida ainda não havia sido alcançado. Considerando os pacientes tratados vivos em cinco anos, 92% não receberam tratamento adicional desde a infusão de Axicabtageno ciloleucel.
A aprovação para LF baseia-se nos resultados do estudo aberto, multicêntrico, internacional, de fase 2, ZUMA-5, de braço único que avaliou pacientes com LF recidivado ou refratário que receberam pelo menos duas linhas anteriores de terapia, incluindo a combinação de um anticorpo monoclonal anti-CD20 e um agente alquilante. Entre os pacientes na análise de eficácia primária com 17,5 meses de acompanhamento desde a primeira resposta, a taxa de resposta geral (TRG) foi de 94% e a taxa de RC foi de79% 7.
A Kite agora submeterá o novo tratamento à aprovação de preço junto à Câmara Brasileira de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A empresa possui uma das maiores redes de fabricação própria para terapia celular do mundo que envolve o desenvolvimento de processos, fabricação de vetores, ensaios clínicos até à comercialização de produtos. Vai continuar a aumentar a capacidade de rede de fabricação para atender à crescente demanda dos pacientes a fim de garantir a entrega segura da terapia com CAR-T Cell da Kite.
[ii] Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tipos de câncer, Linfoma não-Hodgkin. Last accessed 07/09/2022. Available at: https://www.gov.br/inca/pt-br/
[iii] Leukemia & Lymphoma Society. NHL subtypes. Available at: https://www.lls.org/lymphoma/