Segue uma sugestão de pauta para o dia. Trata-se de um levantamento atualizado sobre o número de mortes decorrentes do Acidente Vascular Cerebral (AVC), a doença que vitimou o jornalista e escritor Arnaldo Jabor nesta terça-feira (15). Ela ocupa o segundo lugar no ranking de enfermidades que mais causam óbitos no Brasil. Perde apenas para as mortes decorrentes de problemas cardiovasculares.
De acordo com dados oficiais, apurados pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) junto ao Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, a cada hora, 11 brasileiros morrem em decorrência de um AVC. Em 2020, último ano em que há dados disponíveis, morreram no País quase 100 mil pessoas. O AVC também pode deixar o paciente com sequelas graves, como perda da fala e da capacidade engolir, além da perda dos movimentos de um ou mais membros.
Ao longo da última década (2010-2020), houveram mais de 1 milhão de vítimas fatais. Cerca de 60% dos casos afetaram pessoas com menos de 80 anos. Dentre as regiões, neste período, se destacam o Sudeste, com 432.179 óbitos, e o Nordeste, com 284.050.
Óbitos por AVC*, segundo a Região e Ano de Ocorrência
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade. Elaboração: SBACV e 360° CI. *Categoria CID-10: G45; I60; I61; I62; I63; I64; I67; I69 **Dados preliminares para 2020
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Internações – No ano passado, quase 195 mil pessoas foram internadas para tratamento de AVC somente no Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, perto de 33 mil pacientes tiveram alta da internação por óbito. Em comparação ao ano anterior, 15 estados registraram aumento no volume de atendimentos. No caso de Alagoas, por exemplo, houve aumento de 61% nos casos de hospitalizações no SUS.
“Durante esse período de pandemia muitos sinais de AVC foram negligenciados. Por um lado, o medo de contágio afastou as pessoas dos hospitais e consultórios. Além disso, ficaram comprometidas a prática de atividades físicas e a adoção de hábitos saudáveis que, se forem abandonados, podem contribuir para o aumento do risco de doenças”, lamentou Julio Peclat.
Internações no SUS por AVC*, segundo a Região e Ano de Ocorrência
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade. Elaboração: SBACV e 360° CI. Procedimentos 0303040149 Tratamento de AVC (Isquêmico ou Hemorrágico Agudo) e 0303040300 Tratamento de AVC Isquêmico Agudo com uso de trombolítico.
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Sinais de alerta — Para o presidente da SBACV, Julio Peclat, que recentemente assumiu o comando da Sociedade, na prevenção do AVC é essencial que o paciente faça visitas regulares ao médico, discutindo sinais e sintomas, pesquisando por fatores de risco e que realize exames direcionados para a sua idade, história familiar e co-morbidades associadas. Na sua avaliação isso permite a identificação precoce de quadros de risco e a introdução de medidas para reduzir as chances de que o problema ocorra de fato.
“Trata-se de uma doença de manifestação aguda ou subaguda. A pessoa que percebe o surgimento de perda de força, dificuldade de fala ou perda de visão de maneira súbita deve procurar atendimento médico imediatamente. Se houver demora, o paciente com AVC aumenta as chances de sofrer comprometimento grave, com surgimento de sequelas ou, em casos extremos, até mesmo morte. Por isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são importantes”, destaca.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, tipo mais frequente que representa 80% dos casos e caracterizado pelo entupimento das artérias por um coágulo ou por placas de ateroma; e o hemorrágico, quando um vaso intracraniano rompe.
Entre os sinais de alerta mais comuns, segundo os angiologistas e cirurgiões vasculares, especialistas diretamente implicados na prevenção e tratamento dessa doença, estão: perda unilateral da visão (amaurose fugaz), alteração da fala (disartria) e perda de força nos membros em um lado do corpo (paresia). O principal fator de risco para a ocorrência do AVC é a hipertensão arterial, doença altamente prevalente na população mundial.
O AVC também é uma das principais causas de incapacidade funcional no país e no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O paciente atingido pelo AVC pode ficar com sequelas como dificuldade para se locomover, falar, sofrer paralisia em um dos lados do corpo e perda de algumas funções neurológicas, entre outras.