Câncer: prevenir é sempre o melhor remédio

De Rafael

O câncer é a segunda principal causa de morte em todo o mundo. A doença mata quase 10 milhões de pessoas por ano, sendo 70% delas com acima de 65 anos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos no Brasil é de mais de 625 mil novos casos a cada ano – triênio 2020/2022. Atentos a esses números cada vez mais elevados, os médicos do Instituto de Câncer de Brasília (ICB) aproveitam o Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, para reforçar a importância de se manter os cuidados com a saúde e a prevenção.

A data criada para aumentar a conscientização sobre a doença serve também para incentivar a adoção de estratégias adequadas para a prevenção do câncer, afinal, até 30% dos casos da doença podem ser prevenidos através de cuidados como praticar exercícios físicos, evitar fumar e ingerir bebidas alcóolicas, realizar exames anualmente, utilizar fotoprotetor diariamente e manter uma alimentação balanceada.

“Entre as hipóteses para este aumento de casos estão o crescimento da obesidade e a manutenção de hábitos de vida inadequados. O câncer acomete todas as faixas etárias, mas é mais comum em pessoas mais velhas, mas, nos últimos anos é percebido um aumento na incidência e mortalidade de diversos tipos de cânceres em pessoas abaixo dos 50 anos — provavelmente pela ausência de bons hábitos”, comenta o oncologista do ICB, Caio Neves.

Foi o caso da jornalista Lilian Saldanha, que em 2018, foi convidada a assumir um novo desafio profissional e teve a alegria do momento suspensa por conta de um diagnóstico de carcinoma. Lilian, com apenas 39 anos, foi diagnosticada com câncer de endométrio. “Fui diagnosticada com um câncer agressivo e com um grau alto apenas um mês após ser promovida. Localizado no endométrio e no paramétrio foi preciso agir com rapidez. Foram 279 dias desde a descoberta (com sessões de quimioterapia e radioterapia) até o início do período de remissão”, lembra Lilian.

Câncer X pandemia

A pandemia causada pelo novo coronavírus afetou o tratamento de pacientes oncológicos. Dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) apontam que 74% dos médicos relataram que pelo menos um ou mais pacientes interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês durante a pandemia.

O levantamento ainda apontou que os procedimentos mais postergados foram as cirurgias e os exames de prosseguimento – situações que podem contribuir para o agravamento da enfermidade. Para Caio Neves, o principal efeito foi a redução de diagnósticos precoces, “com a pandemia, muitas pessoas deixaram de ir aos hospitais para fazer exames preventivos, os índices de biópsia caíram cerca de 40% em todo Brasil”. Para o oncologista, o diagnóstico tardio pode ser um fator complicador no tratamento, “para quem está no estágio inicial, o tratamento é, em sua maioria, curativo”, conta.

Por cuidados mais justos

O ICB está endossando a campanha internacional “Close the care gap” ou em português “Por cuidados mais justos”, do UICC (Union for International Cancer Control). A ação reforça que renda, educação, localização geográfica, etnia, gênero, orientação sexual, idade, estilo de vida e outros não deveriam ser fatores que afetam no tratamento contra o câncer. “O primeiro ano de campanha é voltado para o reconhecimento da falta de equidade nos atendimentos e tratamentos, ponto que afeta todo o mundo e que acaba custando vidas”, afirma o oncologista. “É enxergar que há algo errado e mudar o pensamento, para que todos consigam o melhor diagnóstico e cuidados”, finaliza.

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