*Por Samilla Dornellas
Saúde 4.0: a expressão, que traz à tona a evolução inerente ao setor, demonstra como as novas tecnologias têm revolucionado a jornada do paciente, desde a eficiência do diagnóstico até a qualidade do tratamento. Nesse cenário digital, as chamadas healthtechs – empresas que desenvolvem soluções inovadoras para o segmento da saúde – desempenham um papel de destaque para liderar as mudanças no segmento.
Robótica, realidade virtual, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Big Data – se esses termos remontam ao universo da ficção científica, na prática eles se referem a tecnologias já aplicadas em farmácias, hospitais, clínicas e laboratórios todos os dias.
Pacientes digitais, cuidados cada vez mais inovadores: com essa premissa, as healthtechs vão de encontro ao conceito de “saúde 4.0” da própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que o define como o “campo de conhecimento associado com o desenvolvimento e uso de novas tecnologias para melhorar o setor”.
Para se ter uma ideia da urgência da adaptação às rápidas transformações, a OMS publicou recentemente o primeiro relatório global sobre a inteligência artificial na saúde , incluindo diretrizes para seu uso ético, alertas sobre seus riscos e orientações para o máximo aproveitamento dos benefícios da tecnologia.
Muitas dessas ferramentas inovadoras, vale destacar, têm sido destinadas a grandes centros médicos e de tratamento, buscando construir uma verdadeira jornada digital do paciente. A experiência inclui o uso de prontuário eletrônico, sistemas integrados com laboratórios e clínicas de imagem, prescrição de exames informatizados e ferramentas de Big Data e IA que auxiliam na tomada de decisões, entre diversos outros recursos.
É importante mencionar, ainda, as soluções que vieram à tona com a pandemia da COVID-19 e que colocaram o paciente no centro do jogo. Não há como negar, afinal, que a crise sanitária escancarou uma necessidade evidente de se inovar na área. É o caso de tecnologias como a telemedicina, que ganhou grande relevância por ser uma alternativa ao atendimento médico presencial. Em um contexto de isolamento, destacaram-se as soluções de acesso à saúde via canais digitais, aliando comodidade e segurança. Não por acaso, a tendência deve permanecer no pós-pandemia.
Outro exemplo são os aplicativos que têm como função monitorar a saúde dos indivíduos e/ou conscientizar a população, como o Coronavírus SUS, desenvolvido pelo Governo Federal. Para melhorar a experiência do paciente na era digital, se destacam também as farmácias online que apostam em praticidade, atendimento remoto e delivery programado de medicamentos para melhorar a adesão ao tratamento, como é o caso da healthtech Far.me.
Diante desse cenário, com todas as transformações tecnológicas provocadas pela digitalização, um dos principais impactos é mesmo no papel do indivíduo ou paciente, que deixa de ser mero coadjuvante e passa a participar ativamente do seu tratamento.
Isso evidencia que, apesar da Saúde 4.0 estar pautada pela conectividade, existe ainda a necessidade de um atendimento mais humano, uma vez que essa participação tende a fazer com que o processo, como um todo, seja uma via de mão dupla. As mudanças, vale lembrar, também sinalizam para um futuro mais automatizado: nessa perspectiva, o paciente se deslocará cada vez mais para o centro de toda a jornada de cuidados com a saúde.
*Farmacêutica e co-fundadora e CEO da Far.me, Samila Dornellas uniu sua experiência no meio hospitalar e na indústria de medicamentos ao propósito de criar soluções para que as pessoas sigam o tratamento medicamentoso com mais segurança e tranquilidade.