“Coração partido” é doença que precisa de atenção médica

A Síndrome do Coração Partido, ou “broken heart disease” é uma alteração no músculo cardíaco que pode comprometer a saúde do paciente

O cardiologista Roberto Kalil revela que a síndrome surge com muito mais frequência em mulheres (90% dos casos), em geral após a menopausa

Quem já sofreu por amor conhece bem a expressão “coração partido”, que causa uma sensação de desconforto que parece rasgar o peito e até provoca dor e falta de ar. Normalmente isso acontece após uma forte emoção.

Embora pareça normal, o cardiologista Roberto Kalil alerta: “essa dor não deve ser ignorada”. A Síndrome do Coração Partido, também conhecida como cardiomiopatia de Takotsubo deve ser tratada. “A doença foi descrita pela primeira vez em 1990. Trata-se de uma alteração súbita e transitória do funcionamento do músculo cardíaco, comprometendo a força de contração do coração”, explica.

O nome “Takotsubo” remete a um jarro utilizado no Japão como armadilha para capturar polvos. A cardiomiopatia leva esse nome justamente porque o jarro é semelhante ao formato da cavidade do coração nesta doença

O doutor Roberto Kalil explica o que é a doença e como ocorre. “O coração pode desenvolver a cardiomiopatia de Takotsubo após o paciente sofrer uma situação de estresse, seja de origem emocional ou física (roubo, acidente de carro, grave crise asmática, notícia de falecimento de um ente querido, divórcio, ou até ganhar na loteria). Atualmente há uma tendência de ser denominada cardiomiopatia do estresse.

Apesar de na maioria dos casos ser uma doença reversível e transitória, o doutor Kalil alerta que sua ocorrência pode ser grave a ponto de levar o paciente a óbito. A boa notícia, segundo ele, é que a doença pode ser tratada e até prevenida.

Roberto Kalil é presidente do Conselho Diretor do Instituto do Coração (InCor/HCFMUSP) e diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.