Dia do Assistente Social: profissionais relatam como é um trabalho construído a base de empatia, compaixão e persistência

De Rafael

“Meu ouvido é o meu coração” denota a dedicação de assistentes que lutam pelos pacientes em clínicas de diálise

Neste domingo, 15 de maio, comemora-se no Brasil o Dia do Assistente Social. Nas clínicas de diálise, esse profissional se destaca por um trabalho que começa desde o acolhimento quando o paciente chega à clínica até os encaminhamentos e orientações sobre os benefícios que os pacientes possam ter direito nas diversas áreas como: previdência, assistência social, transportes e medicamentos gratuitos, isenção de impostos, entre outras.
De acordo com Nilce Nascimento, assistente social na Clínica de Doenças Renais (CDR) Taquara, nos três primeiros meses o atendimento continuado é direcionado para diagnosticar as dificuldades do paciente até que haja entendimento completo sobre todas as orientações, que incluem: acesso à farmácia de medicação de alto custo, a importância da confecção e cuidados com a fístula, a necessidade de adesão ao tratamento, entre outros aspectos.  “É muita informação para absorver. Ao final do trimestre, esperamos que eles se apropriem das informações e orientações, se empoderem, pratiquem autocuidado e possam conviver bem com o tratamento e ainda continuem ou voltem ao mercado de trabalho, quando possível”, diz.
A assistente social Luciana Modro, que atua na Fresenius Nove de Julho, em São Paulo, explica que gosta muito de conversar, mas que no trabalho, o que mais faz é ouvir. “Cada história é uma história e nós somos o cartão de visita, somos a ponte para integrá-lo às equipes. Sei que o paciente chega fragilizado e precisa se sentir acolhido. Meu ouvido é o meu coração. Faço uma escuta qualificada para entender as demandas com muito carinho e respeito. Ele pode nunca ter ouvido falar em diálise. Ajudamos o paciente a ser protagonista do seu tratamento, com autonomia. Ele precisa entender que a diálise não é o fim, é o começo de uma nova vida. É uma ressignificação. E temos que mobilizar a família, pois todo mundo seguirá na luta desse paciente.
A assistente social Patricia Nalli, 34 anos, da Fresenius Morumbi, em São Paulo, complementa. “Nosso trabalho se inicia com uma anamnese e avaliação socioeconômica para conhecer melhor o paciente, entender a sua dinâmica familiar e dessa forma ter a certeza do perfil para melhor abordagem. Não existe um padrão. Cada paciente apresenta sua particularidade, história de vida, cultura, crenças, fase de negação, entre outras. Gosto muito de acompanhar a evolução do paciente, e principalmente, na recuperação da sua autonomia. Após o início do tratamento, sempre reforço que hemodiálise é vida. Eu acompanho quem vai fazer transplantes. E é muito bom quando chega o tão sonhado dia”, relata.
Segundo a assistente, os momentos marcantes na sua trajetória dariam um livro. “Desde o retorno após uma longa internação, até ver o paciente emocionado quando algum familiar se oferece como doador de rim, ou quando um paciente recupera a função renal e passa para o tratamento conservador. Uma vez eu estava na sala de diálise quando o paciente recebeu a ligação dizendo que havia um rim para o seu transplante. Foi uma emoção e uma alegria imensa. Todos acabam se envolvendo. Uma outra vez teve uma visita inesperada na clínica de um filho que estava vivendo fora do país. Foi tão bonito. Outra história marcante é porque tivemos um paciente que ficou com sequelas de covid, e voltou da internação dependente de cadeiras de rodas e oxigênio contínuo, e aos poucos foi melhorando e hoje está com bengalas, mas com total autonomia. São muitos momentos marcantes”, relata.
Para ela, empatia é a palavra e talvez o segredo. “Uma frase famosa é “o paciente é o amor alguém”, e nessa perspectiva tudo fica muito mais humanizado. Nós escolhemos estar ali. O paciente não tem essa opção. Somos “insistentes sociais”. Nem tudo são flores, mas tudo se torna aprendizado constante quando estamos dispostos e desprendidos de paradigmas. Minha dica aos colegas de profissão é fazer tudo com amor, ética, coração aberto, com qualidade no acolhimento e acompanhamento, mantendo uma relação saudável com o paciente.”
Entre as atividades  implementadas que fazem muito sucesso entre os pacientes, estão: bingo, rodas de conversa, sorteios de brindes, testes cognitivos, desenhos, caça-palavras. “Há uma infinidade de atividades de lazer que podem trazer mais entrosamento, relaxamento.  São muitas horas numa máquina, e eles precisam de entretenimento e socialização.

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