Dia Internacional da Felicidade: artigo publicado em revista científica diferencia o sentimento em diferentes culturas

De Rafael

Psiquiatra dá cinco dicas para quem busca ser mais feliz

O que te faz feliz? Muitas pessoas passam a vida procurando a resposta desta pergunta, enquanto outras enxergam que exercitar a felicidade, pouco a pouco, é o segredo para quem pretende alcançá-la.

De acordo com o artigo publicado na revista científica Plos One, a maioria dos estudos transculturais aplica a felicidade como uma emoção autocentrada, uma autoexcitação para a cultura ocidental, enquanto no Oriente, principalmente em países como o Japão, conceitua a mesma como um aspecto interpessoal que enfatiza a harmonia e conexão do indivíduo com o outro.

Para a psiquiatra Maria Francisca Mauro, o conceito de felicidade pode ser discutido de formas distintas dentro da filosofia, psicologia, antropologia e psiquiatria. Dentro de um senso comum, as pessoas a comparam a um estado de espírito, como se naquele momento sentissem um ápice de prazer. No entanto, é preciso ter cuidado.

“Quando detemos de uma compreensão mais ampla do conceito, a necessidade de ter essa emoção e sensação pode ser influenciada por fatores internos e externos. Dentro da primeira perspectiva, a congruência de valores com o que está desenvolvendo na vida e mesmo uma dimensão de agregar consistência ao que faz, pode alimentar os que se sentem mais felizes. Enquanto, os que se se veem fora da medida ou distantes do que realmente gostariam de estar fazendo, não terão a plenitude do sentimento”, destaca a especialista, Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ e Psiquiatra associada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Maria Francisca ressalta a presença de vínculos afetivos estáveis e duradouros. Dentro deste aspecto, há pessoas que estão em evidência no seu núcleo de amigos, família e sociedade. “É importante perceber que no contexto da sua rotina há um acolhimento e reconhecimento de quem realmente gosta de ser mais profundo”, pontua.

Na cultura em que estamos inseridos, este sentimento pode ser vinculado a conquistas externas, como maiores rendimentos, acúmulo de riquezas e determinar um espiral de constante busca pelo topo que lhe dê felicidade. “Palavras como sucesso, vitória e outros marcos de métrica podem passar a se misturar com a tal ‘obrigação’ de um progresso”, sinaliza a psiquiatra.

Há diferenças entre países que se concentram no valor do indivíduo e suas responsabilidades para a conquista do bem-estar e àqueles que valores coletivos e de um papel social estão em evidência.

“Em um mundo cada vez mais rápido, com uma comunicação fragmentada pela figurinha da carinha feliz, temos os que embarcam na felicidade da receita. Este é um caminho de atalhos, em que você irá se questionar novamente se aqui tudo faz sentido para a sua vida”, comenta.

Comemora-se o Dia Internacional da Felicidade no próximo dia 20 de março. Após essa discussão sobre o tema, a psiquiatra Maria Francisca Mauro separou cinco dicas para quem busca ser mais feliz. Confira:

1. Antes de sair à procura da felicidade, primeiro quebre a regra. Você precisa escolher entre ser feliz na carreira ou pessoalmente. Esta é uma máxima para encobrir algo que não quis se dedicar, ou mesmo, não fez escolhas coerentes com o que poderia lhe trazer mais satisfação;

2. Pensamentos como, preciso ter tal “corpo”, fazer aquela viagem, ou tirar férias, são armadilhas diárias para a insatisfação e uma projeção de que em um passe de mágica mudará algo que ainda não acessou dentro de você;

3. Não posso ser eu mesmo com minha família e amigos. É preciso estar nestes lugares de forma mais verdadeira. Entenda direitinho esta sensação de deslocamento;

4. Preciso urgente ter reconhecimento no trabalho que comecei ou em algo que deu início em curto prazo. A urgência distrai as pessoas do longo prazo e as seduzem com seu próprio narcisismo e vaidade. Atenção para não ficar refém das palmas de uma plateia vazia;

5. Se achar a felicidade, por favor, não faça dela uma obrigação. Dentro da ilusão, muitos acreditam que não se pode sofrer, chorar, sentir ou frustrar. Qualquer emoção ruim é prontamente rechaçada sem que se dedique a entender um pouco melhor. Portanto, se permita a pequenos encontros de prazer, no gosto do café da manhã, ao poder lavar o rosto ou mesmo conseguir escovar seus dentes sozinho. Sutilezas da vida não são valorizadas quando se fica distraído.

Psiquiatra Maria Francisca Mauro: Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ. Psiquiatra associada da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), doutoranda em psiquiatria e saúde mental pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ, representante discente da pós-graduação do IPUB/UFRJ junto à comunidade acadêmica geral da UFRJ e do IPUB. Desde 2008 atua como psiquiatra clínica e tem experiência em pacientes com quadros graves, como depressão, ansiedade, alterações de comportamento alimentar, transtorno bipolar do humor, esquizofrenia e quadros psiquiátricos ainda em investigação para definição diagnóstica. Participou da equipe de interconsulta psiquiátrica dos hospitais Clínica São Vicente, Pro-Cardíaco e São Lucas.

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