Distrito Federal apresenta queda de 20% em número de exames de diagnóstico de câncer de mama durante a pandemia de Covid-19

Com base em dados do DATASUS, levantamento exclusivo do Instituto Avon e Gênero e Número revela impactos do distanciamento social na saúde de mulheres brasileiras

O Instituto Avon se uniu à organização de jornalismo de dados Gênero e Número para a realização de um estudo com o objetivo de compreender os efeitos da pandemia de Covid-19 no diagnóstico e tratamento do câncer de mama no Brasil. De acordo com a pesquisa, que tem como base dados fornecidos pelo DATASUS, o Sistema Único de Saúde (SUS) da região do Distrito Federal registrou uma diminuição de 20% na quantidade de exames de diagnóstico realizados em 2020 em comparação a 2019. Ao todo, o Brasil teve uma queda de 28% na realização destes procedimentos, o que representa 473 mil exames a menos que em 2019.

A pesquisa demonstrou que o isolamento social, importante para o controle da contaminação por coronavírus, teve um profundo impacto na rotina de cuidados e prevenção com a saúde das mulheres por todo o país, que reduziram às idas ao médico para realização de exames. No primeiro ano da pandemia, o Distrito Federal apresentou a menor quantidade de diagnósticos desde 2013. Em relação às mamografias, a queda no número de pacientes que realizaram o procedimento foi de 14%.

Sem uma rotina de exames preventivos periódica e adequada, as chances de diagnóstico do câncer de mama em estágios mais avançados aumentam, resultando em tratamentos mais agressivos. Entre janeiro de 2019 e junho de 2021, 55% dos procedimentos para tratamento realizados no Distrito Federal correspondiam às fases 3 e 4 do câncer de mama. Em relação ao orçamento voltado para o tratamento da doença no estado, 81% também foi destinado a esses estágios. Ao todo, o Brasil registrou um aumento de 5% em tratamentos para casos avançados de câncer de mama em 2020 em comparação a 2019. O estágio 3 foi o com maior crescimento de tratamentos (7%). Entre janeiro e junho de 2021, 48% dos tratamentos foram realizados em pacientes em estágios 3 e 4.

“Com o diagnóstico precoce, as perspectivas de cura são maiores, assim como a qualidade de vida da paciente, que tem menos chances de desenvolver metástases e receber indicações para tratamentos mais invasivos”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon. “Nosso objetivo como organização não-governamental que atua na atenção ao câncer de mama é conscientizar mulheres de todo o país sobre a importância do acompanhamento anual das mamas, mesmo quando existe uma ausência de sintomas relacionados à doença, também sobre os fatores de risco, seus direitos previstos na legislação, a necessidade de equipes multidisciplinares durante o tratamento e quais são as políticas públicas e projetos que estão disponíveis para auxiliar aquelas que convivem com o câncer e as que desejam se prevenir ou tirar dúvidas”, completa.

Impactos por todo o Brasil

O SUS registrou cerca de 1,2 milhão de procedimentos de diagnóstico de câncer de mama no Brasil em 2020, segundo o levantamento realizado pelo Instituto Avon e pela Gênero e Número. Em 2019, o país havia alcançado a marca de 1,7 milhão de exames. Já em relação às mamografias realizadas, o primeiro ano da pandemia também apresentou uma redução de 40% no volume de procedimentos, com 1,8 milhão de exames em comparação aos 3 milhões feitos no ano anterior.

Os recursos destinados ao diagnóstico do câncer de mama também sofreram impactos significativos. De acordo com a pesquisa, houve uma queda de 26% no orçamento, passando de R﹩ 49 milhões, em 2019, para R﹩ 36 milhões, em 2020. Além disso, no primeiro semestre de 2021, o SUS destinou 81% da verba para o tratamento de câncer de mama para pacientes em fases avançadas da doença – cerca de R﹩ 698 milhões. Já os tratamentos em fases iniciais da doença, os chamados estágios 1 e 2, receberam R﹩ 166 milhões, o que revela uma demanda maior por tratamentos em estágios mais evoluídos da doença.

Para saber mais sobre o levantamento acesse: Câncer de Mama Hoje .