Curso inovou até mesmo na seleção dos alunos e tem como fortaleza a formação de profissionais capazes de exercer a melhor medicina possível, seja no setor público ou privado
No próximo dia 9, a Faculdade Israelieta de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE) celebra a formatura da sua 1ª turma de Graduação em Medicina. Com uma taxa zero de evasão, são 46 novos profissionais lançados ao mercado em 2021. Entre as grandes inovações do curso estão o tipo de seleão, a metodologia de ensino-aprendizagem e o programa de internato.
Segundo Alexandre Holthausen, diretor-superintendente de Ensino do Einstein, o método de seleção dos alunos é único no Brasil e se assemelha aos processos norte-americanos. Todo ano inscrevem-se no processo seletivo entre 7 mil e 9 mil vestibulandos. A primeira etapa é a de conhecimentos gerais, que classifica para a segunda os 560 melhores. Nesta etapa, os candidatos passam por 8 minientrevistas que avaliam habilidades socioemocionais: empatia, comunicação, pensamento crítico, ética e trabalho em equipe. Hoje são 120 vagas anuais, distribuídas 2 turmas de 60 alunos – uma com início no 1º semestre e, a outra, no 2º semestre -, com vestibular único.
O curso adota metodologia ativas e colaborativas, nas quais o aluno é o centro do processo de ensino-aprendizagem e o professor assume um papel de mediador das discussões em sala de aula. Todo o conteúdo é contextualizado com casos que simulam situações reais. As disciplinas do currículo são integradas e frequentemente contam a participação de dois docentes em sala. A turma é dividida em 9 grupos de 6 a 7 alunos, de modo aleatório, de modo que não há grupos por afinidade. Assim, desde o primeiro dia de aula, aprendem a trabalhar em equipe e conviver com as diferenças.
O team-based learning é uma estratégia educacional baseada em aprendizagem ativa que se tornou uma proposta pedagógica importante no contexto da educação médica. “A metodologia é colaborativa e toda atividade em sala de aula é baseada em discussão de casos, entre grupos e intragrupos. Assim o aluno é inserido na prática precocemente, entrando em contato com pacientes desde o primeiro mês do curso”, diz Holthausen.
O processo de avaliação também merece destaque. Existe uma avaliação formativa , que acompanha o aluno ao longo de todo o curso, numa composição entre autoavaliação e avaliação de pares e docentes, que considera participação, flexibilidade, comunicação, postura e responsabilidade. O aluno recebe um feedback a cada quatro semanas, o que permite identificar casos de baixo desempenho e oportunidades de remediação imediata, para ajudá-lo a se desenvolver.
Na Graduação em Medicina do Einstein, o aluno tem contato desde o início com a atenção primária à saúde – um dos aspectos mais importantes da medicina moderna. Além disso, há um eixo de conhecimento médico com base em estatísticas, para que esse estudante saiba exatamente como buscar a melhor informação e interpretá-la. A partir do terceiro ano, esse aluno recebe um ano e meio de capacitação em gestão e liderança, com aprofundamento em temas como economia da saúde, processos de gestão, finanças, empreendedorismo, negociação e estratégia. Isso tudo sem falar do eixo de humanidades, com discussões filosóficas e éticas.
Normalmente, o aluno de medicina passa os últimos dois anos em contato direto com o paciente, no regime de internato. Na Medicina do Einstein, porém, esse período é de dois anos e meio.
Para os interessados, também é oferecido um programa de internalização formal, assinado com a Case Western University, localizada em Cleveland (EUA), onde o aluno pode passar dois anos, com bolsa institucional, desenvolvendo seu projeto de doutorado e acumulando as titulações de MD (médico) e de PhD (doutor em ciências). Com isso, evidencia-se a forte inclinação da Medicina do Einstein à pesquisa, um dos pilares da organização. Desde o segundo ano há incentivos para que os alunos se envolvam em projetos e contribuam com o conhecimento científico, com a publicação de artigos em revistas especializadas.
Para que os estudantes tenham uma experiência da prática médica do dia a dia, com foco em profissionalismos, foi criado o programa de tutoria, no qual o aluno acompanha médicos durante sua prática, sejam visitas, atendimento no consultório ou em centro cirúrgico. No internato, a partir do 5º ano, há um programa de mentoria para aconselhamento de carreira. Isso significa que o aluno terá suporte para escolha da especialidade e apoio para enfrentar os desafios que estão por vir.
O coordenador também explica que, para aqueles que não têm condições de arcar com o custo, a organização reserva parte dos recursos para bolsas, que podem chegar a 100%, após rigorosa análise, além de um sistema de crédito estudantil, mantido pelo próprio Einstein.
A expectativa é que, ao final do curso, o aluno esteja apto a tratar 80% das doenças mais prevalentes, tenha forte formação em urgência e emergência e fortes características de liderança. “Essa primeira turma em especial, teve formação técnica muito forte, uma vez que a parte profissionalizante do curso coincidiu com a pandemia de Covid-19. Fomos um dos únicos cursos que funcionou normalmente durante esse período”, diz Júlio Monte, coordenador da Graduação em Medicina do Einstein.
“Estamos muito satisfeitos com a qualidade técnica com que eles chegaram ao final do curso. A maior parte do treinamento dessa turma foi no sistema público (Hospital M´Boi Mirim, Hospital Vila Santa Catarina e diversas UBSs, unidades gerenciadas pelo Einstein), mas também atuaram na unidade Morumbi. Eles aprenderam a exercer a profissão quando todos os recursos da medicina de excelência estão disponíveis e, também, quando são escassos. Assim, eles podem praticar a melhor medicina, dentro ou fora do Einstein, com base no que há disponível”, conclui Holthausen.