Dispositivos médicos não pressionam custo da saúde pública e privada, revela estudo inédito
Assim como acontece com os produtos produzidos no Brasil, os itens de tecnologia médica importados – que correspondem a 40% do consumo local – não exercem pressão no custo da saúde pública ou privada. O estudo inédito ‘Índice ABIIS Importação – IAI’ analisou, entre janeiro de 2008 e dezembro de 2020, a cesta global representativa de dispositivos médicos adquiridos no exterior, que é subdividida em três diferentes segmentos: dispositivos médicos implantáveis (DMI); reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro; e materiais e equipamentos para a saúde.
Os preços da cesta de DMI – composta por órteses, próteses e materiais especiais e materiais necessários para a sua utilização –, convertidos para o Real e atualizados pelo IGP-M, caíram em média 1,5% a.a. e 18%, nos 12 anos analisados. “O Índice ABIIS contraria os agentes pagadores desses produtos, que têm alegado que eles seriam os grandes responsáveis pela inflação da saúde, no Brasil. Está comprovado que não são”, afirma o diretor executivo da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, que encomendou o estudo, José Márcio Cerqueira Gomes.
Também houve queda significativa nos valores dos reagentes e analisadores para diagnóstico in vitro: média anual negativa de 0,7% a.a. e redução de 8,8%, em 12 anos. Gomes salienta que “reagentes e analisadores representam algo em torno de 19,9% da composição das despesas ambulatoriais em um ambulatório clínico”.
O único segmento que apresentou crescimento real nos preços de produtos importados foi o de materiais e equipamentos para a saúde (catéteres, linhas de sutura, seringas, agulhas, mobiliário de uso médico hospitalar, equipamentos de diagnóstico por imagem, entre outros). A alta média anual foi de 2,1% e de 30% acumulada, no período analisado. “No entanto, estes itens representam 8,5% dos gastos hospitalares, o que corresponde a um impacto de 2,5% nos custos hospitalares, acumulados nos 12 anos”, explica o diretor executivo.
Considerando os três resultados (preços da cesta de DMI: queda de 18%; preços da cesta de reagentes e analisadores: queda de 8,8%; e preço da cesta de materiais e equipamentos para a saúde: alta de 30%), em 12 anos, os itens de tecnologia médica importados tiveram um aumento médio global de 9,6%, convertidos para o Real e atualizados pelo IGP-M. “Analisando o contexto macroeconômico, que tem exercido pressões adicionais sobre o preço dos itens importados por conta da continua valorização da taxa de câmbio acima da inflação, desde cerca de 2015, é possível afirmar que os produtos médico-hospitalares desvalorizaram significativamente nos últimos anos”, salienta.
Para o diretor executivo da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde, tanto o resultado deste estudo quanto o ‘Índice ABIIS Compras Públicas’ – que revelou uma queda de 17% nos preços de dispositivos médicos, em seis anos – provam que a atualização tecnológica não impacta na alta da inflação na saúde. “As novas tecnologias são sim fundamentais para aumentar a produtividade e resolutividade do sistema de saúde, contribuindo para sua sustentabilidade”, defende José Márcio Cerqueira Gomes.
As variações estimadas no ‘Índice ABIIS Importação – IAI’ referem-se aos preços dos produtos praticados no porto. Não captam os valores finais dos mesmos produtos que são praticados pelas empresas e nem as compras públicas, no sistema público, ou as compras privadas, que prestam serviços médicos utilizando-se desses produtos. O estudo foi realizado pelos economistas Emerson Fernandes Marçal e Patrícia Marrone.