Do diagnóstico até o tratamento, mulheres portadoras de câncer de mama sofrem fisicamente e emocionalmente passando por um longo período de reflexão e desapego; é preciso buscar ajuda profissional
Outubro Rosa chegou e, no mês de conscientização para o diagnóstico precoce do câncer de mama, ainda pouco se fala sobre a importância do apoio psicológico ao longo do tratamento desta doença – que representa o tipo de tumor mais prevalente entre as mulheres.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), para cada ano do triênio 2020 – 2022, devem ser diagnosticados 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Embora o tratamento seja eficaz em muitos casos, sobretudo quando diagnosticada no início, a doença impacta diretamente nas condições físicas, emocionais e sociais da paciente.
“É muito difícil passar a conviver tanto com a possibilidade da mutilação quanto com a da morte. Por isso, é fundamental contar com acompanhamento de psicólogos que auxiliem a paciente e sua família, criando um espaço de escuta e acolhimento”, reforça Renata Tavolaro, head de psicologia da OrienteMe, plataforma de bem-estar corporativo.
Segundo Renata, do diagnóstico até o tratamento, as mulheres portadoras de câncer de mama sofrem perdas significativas e passam por um longo período de elaboração doprocesso de desapego. “A mulher acometida peladoença se depara com a possiilidade de ter um corpo marcado afetando diretamente na sua autoestima”, diz ela. É um período no qual ocorrem alterações significativas em diversas esferas de sua vida, entre elas atividades sexuais, vida social e até no trabalho. “Lidar com isso pode representar um algo difícil e estressante para carregar sozinha”.
Outro ponto ressaltado por ela é que o câncer traz à tona a relatividade da vida, a possibilidade de recorrência da doença e a incerteza do sucesso do tratamento. Além disso, muitas representações associadas ao câncer são negativas, já que é uma doença vista como destruidora e percebida como um castigo, uma vez que o câncer está associado ao estigma social da morte, o que não necessariamente é verdade, mas que assusta muito quem está enfrentando a doença.
A especialista lembra ainda que, em nossa cultura, a mama possui um valor simbólico associado à feminilidade, sexualidade e à maternidade. “Isso permite compreender outros os efeitos que a doença traz para a saúde mental da mulher”, afirma. Nos casos de retirada da mama, a ajuda profissional pode ser essencial para superar o processo traumático e promover o reencontro dessa mulher com a sua sexualidade e autoestima.
A psicóloga diz ainda que o acompanhamento profissional por meio de sessões de terapia deve começar o quanto antes, para que a paciente possa elaborar um melhor entendimento de seu quadro, suas possibilidades e esperanças. “Com apoio, a mulher pode muito mais no enfrentamento ao câncer de mama“, conclui ela.
No mês de outubro, a OrienteMe traz uma campanha repleta de dicas, perspectivas e visões sobre o autocuidado em todos os momentos da doença e inclusive para as pessoas que rodeiam a pessoa que está doente. O autocuidado, autoamor, autoconhecimento são fundamentais para navegar pelos tempos difíceis da doença e a saúde emocional equilibrada é imprescindível para uma ótima recuperação.