Impacto que o retorno ao trabalho presencial tem na saúde mental dos colaboradores

Psicólogas da empresa Zero Barreiras dão dicas para que tanto empresas, quanto profissionais, lidem melhor com esse momento

Muitos podem ser os impactos relacionados ao retorno à rotina presencial de trabalho após um longo período de distanciamento e isolamento do home office, por conta da pandemia do novo coronavírus. É o que afirmam as psicólogas Christiane Valle e Patrícia Maria Lenine do Couto fundadoras da empresa Zero Barreiras, pioneira na oferta de psicoterapia online no Brasil.

“Deve-se sempre pensar que esse retorno é, em alguns casos, presencial tendo em vista que a grande maioria continuou trabalhando em sua casa, cedeu o ambiente de descanso para a empresa e trabalhou até mesmo mais do que trabalharia nos seus polos físicos de trabalho”, destaca Christiane Valle.

O impacto relacionado a esses casos pode estar relacionado a uma dificuldade nas relações interpessoais já que, trabalhando em casa, o contato era apenas com os membros da família sendo o contato com os colegas de trabalho de forma remota. O retorno traz consigo a volta da convivência com as crenças, costumes e modos de vida, do outro, que poderiam estar “esquecidos” durante os meses de home office.

“Há também aqueles que foram obrigadas a se afastar de suas funções por fazerem parte do chamado grupo de risco. Muitas dessas pessoas passaram a se sentir culpadas, ociosas e ansiosas por acreditarem que seus colegas de trabalho pudessem estar sobrecarregados. O impacto de um retorno gradual para essas pessoas pode representar benefícios a saúde mental pois ocorrerá a aproximação daquilo que era considerado normal antes do isolamento social, é comprovado que o trabalho é um importante aliado na saúde mental. Sabemos também que é inegável a saudade de ter aquela conversa descontraída com o colega no corredor, mas é importante estar atento aos 2 metros de distância estabelecidos pelo ministério da saúde”, explica a psicóloga Patrícia Maria Lenine do Couto.

O impacto, destacam as especialistas, também está relacionado à preocupação das pessoas que dependem do transporte público, nesse caso, a melhor maneira é estar atento ao uso correto das máscaras, a higienização das mãos durante o trajeto, evitar tocar o rosto (boca, nariz e olhos) pois as superfícies podem estar contaminadas, fazer o possível para que o ambiente esteja ventilado.

No ambiente de trabalho é importante estar atento à ingestão correta e o manejo dos alimentos.

“A melhor maneira de lidar com esses impactos é gastar a energia nas medidas profiláticas de prevenção e disseminação do contágio. Sabemos que a preocupação e o medo estão intimamente ligados a ansiedade e, quando a ansiedade acontece, as pessoas ficam muito mais atentas aos seus sintomas ansiosos do que ao que está acontecendo ao seu redor, então que tal gastar essa energia na atenção aos cuidados com o seu ambiente para que você tenha uma volta tranquila e saudável?”, orienta Christiane Valle

Brasil: país mais ansioso do mundo – Na pandemia, problemas como ansiedade, depressão ou burnout tornaram-se ainda mais comuns. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo e, também, apresentava a maior incidência de depressão da América Latina, impactando cerca de 12 milhões de pessoas. Mas uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), demonstrou que, entre maio, junho e julho de 2020, 80% da população brasileira ficou mais ansiosa. Houve ainda aumento no consumo de bebidas alcoólicas, cigarro e comida ultra processada no período de distanciamento social e, em contrapartida, hábitos saudáveis, como exercícios físicos, dormir e se alimentar bem foram prejudicados.
Christiane Valle e Patrícia Lenine, sócias da Zero Barreiras, empresa que desde 2017 vem democratizando o acessoi à terapia online.

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