Infectologista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição fala sobre novo desafio para a saúde brasileira

Em 2024, o Brasil registrou 7.236 casos de febre Oropouche, com a maioria ocorrendo nos estados do Amazonas e Rondônia

A febre Oropouche, causada pelo vírus Oropouche (OROV), é uma doença viral transmitida principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, também conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Este inseto adquire o vírus ao picar uma pessoa ou animal infectado e pode transmiti-lo a uma pessoa saudável ao picá-la. Embora qualquer pessoa exposta ao vetor possa contrair, moradores de áreas rurais estão em maior risco devido à maior presença desses mosquitos.

De acordo com a médica Infectologista do Comitê de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, Dra. Bianca Ferreira Fonte, os sintomas da febre Oropouche são semelhantes aos de outras doenças febris, como dengue e chikungunya, incluindo febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulares, sensibilidade à luz, náusea, vômito e tontura. No entanto, uma característica que a diferencia de outras doenças é a ausência de manifestações hemorrágicas, comuns na dengue. Os sintomas geralmente aparecem entre 3 a 8 dias após a picada do inseto infectado e duram de 2 a 7 dias.

Apesar de ser geralmente autolimitada, a doença pode causar complicações, como meningite, encefalite e síndrome pós-viral, quando os sintomas podem persistir por várias semanas. O tratamento é sintomático, incluindo o uso de antitérmicos, analgésicos e hidratação adequada. Em casos graves, pode ser necessária a hospitalização para cuidados intensivos.

“A prevenção da febre Oropouche envolve, principalmente, a adoção de medidas para evitar picadas de mosquitos, como o uso de repelentes, roupas de proteção e instalação de telas em portas e janelas. Em termos de saúde pública, o controle de vetores através de campanhas de fumigação e a educação da população sobre a eliminação de criadouros de mosquitos são essenciais para reduzir a incidência da doença”, explica a infectologista.

Os desafios no controle da enfermidade incluem a dificuldade no diagnóstico, devido à semelhança dos sintomas com outras doenças febris, e a subnotificação da doença, o que complica a compreensão da sua disseminação. Além disso, o controle dos mosquitos vetores em áreas rurais e de difícil acesso continua sendo um grande desafio, agravado pela ausência de vacinas ou tratamentos antivirais específicos. Por isso, a prevenção e o tratamento sintomático permanecem como as principais estratégias de manejo da Oropouche.

“A disseminação de informações corretas e a adoção de medidas preventivas são fundamentais para o controle da doença. A colaboração entre as autoridades de saúde e a população é crucial para enfrentar essa ameaça de maneira eficaz”, finaliza Dra. Bianca.