KPMG: distribuição da vacina da covid-19 será a mais complexa implantada no país

Análise aborda os gargalos logísticos da vacinação

Independente do laboratório que irá disponibilizar a vacina, a distribuição e armazenamento serão os dois principais desafios logísticos da campanha de vacinação da covid-19, que poderá ser considerada a mais complexa já implantada no país em função do contexto atual da pandemia no Brasil. Essa é a análise do sócio da KPMG, Leonardo Giusti. Segundo ele, a efetividade dessa ação, que deverá imunizar bilhões de brasileiros nos próximos meses, depende de planejamento detalhado e de estratégias para evitar um gargalo que impeça o acesso equitativo da população ao imunizante e que permita levá-lo a todo território nacional de forma mais breve possível.

“Além dos desafios da descoberta e da produção da vacina, a distribuição é parte fundamental desse processo. Vale lembrar que o Brasil tem um dos melhores programa de vacinação do mundo e um histórico de imunização em massa muito bem-sucedido. Nesse caso, o desafio é as vacinas não se perderem por falta de armazenamento ou dificuldades de transporte. Acrescenta-se a isso a questão do tempo já que o país e o mundo estão vivenciando um momento de pandemia”, analisa.

Na análise do sócio, para que a campanha de vacinação em grupos prioritários dê certo será precisa a implementação de uma distribuição segmentada e com disciplina. “Além disso, enquanto a fase um estiver acontecendo, outras pessoas já estarão na fase dois”, afirma.

Insumo e pessoal:

De acordo com o sócio, no que diz respeito à logística, o planejamento inclui a aquisição de insumos necessários como seringas e agulhas. Além disso, poderá ser necessária a contratação de profissionais bem como a implementação de planos de ações focando distribuição e armazenamento adequados considerando as características e exigências de cada fabricante.

“Como o intervalo entre as vacinações é curto, será necessário o dobro de insumos. O ideal é um trabalho anterior ao início da distribuição da vacina junto aos fornecedores de insumos que não sobrecarregue esse mercado e evite rupturas no abastecimento. Tudo isso requer um planejamento detalhado que inclui a não dependência de poucos fornecedores. Além disso, a criação de parcerias na fabricação e distribuição é uma forma de reduzir esse gargalo”, analisa.

Acesso a todos:
Segundo o sócio, a logística é uma questão complexa e, se não estiver bem implantada, tem potencial para dificultar a chegada da vacina a toda a população e efetivar o que a Organização Mundial de Saúde chama de imunização de rebanho que é alcançada quando a vacinação é feita em massa e atinge elevada cobertura. Para Giusti, na corrida que o país está travando de combate ao coronavírus, fazer com que o insumo chegue ao maior número de brasileiros, a todos os municípios e o mais rápido possível não será uma tarefa fácil.
“O Brasil é um país de grande extensão territorial e com uma parcela significativa da população vivendo fora dos grandes centros urbanos, e em alguns casos em regiões de acesso bastante restrito como as populações indígenas por exemplo. Além disso, o sistema de saúde é muito capilarizado e abrange os mais de cinco mil municípios. Democratizar o acesso da vacina será um desafio”, finaliza.