Especialista orienta o que fazer para evitar o contágio por doenças características do Verão
Os primeiros dias do ano têm sido marcados por fortes chuvas principalmente em estados das regiões Sudeste e Nordeste. O grande volume de água é uma característica do verão brasileiro é conhecido por dias mais longos e chuvas fortes, o que aumenta os riscos de enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra. Com isso, crescem também o número de casos de leptospirose, doença transmitida pelo contato com a urina de ratos. De acordo com o Dr. Ivan França, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, isso ocorre porque quando as enchentes e transbordamentos de rios e córregos acontecem, a urina de ratos existente em esgotos e bueiros mistura-se à água das enxurradas e à lama.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde divulgado em março do ano passado, no período de 2010 a 2020, foram confirmados 39.270 casos de leptospirose no país com 3.734 óbitos, com letalidade média no período de 8,7%
Em caso de moradias alagadas, o infectologista indica medidas necessárias para limpar os ambientes e utensílios. “O ideal é utilizar luvas, botas de borracha ou outro tipo de proteção, como sacos plásticos duplos, para as pernas e os braços. O que não puder ser recuperado deve ser descartado e a lama que permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos deve ser removida com escova ou vassoura, sabão e água limpa. Para a limpeza de ambientes e superfícies deve-se utilizar produtos à base de hipoclorito de sódio (como água sanitária).” Ainda segundo o infectologista, todos os alimentos que tiveram contato com a água das enchentes devem ser descartados, pois mesmo quando lavados e secos, ainda podem estar contaminados.
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Os principais sintomas da leptospirose são dores pelo corpo – principalmente nas panturrilhas -, febre, icterícia rubínica (coloração amarelada na pele e nos olhos, que por vezes podem ficar avermelhados) e dor de cabeça. O período de incubação da doença pode chegar a até 30 dias, mas normalmente os sintomas se manifestam entre 7 e 14 dias após a exposição ao risco. O diagnóstico da doença é feito por meio de exame de sangue. Em alguns casos, quando a exposição a água de enchente é prolongada e, portanto, de alto risco para a infecção, existe indicação de mediadas profiláticas. O tratamento da leptospirose consiste no uso de antibióticos e medidas de suporte clínico, muitas vezes requer internação hospitalar. “A qualquer sinal dos primeiros sintomas é importante procurar um médico e relatar o contato com a enchente, para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível”, afirma o infectologista. Se não tratada adequadamente, a leptospirose pode causar comprometimento renal, hepático e pulmonar e até mesmo levar à morte.
Dengue, Zica e Chikungunya
Os períodos de chuvas intensas, típicas nos meses de verão, aumenta a preocupação dos especialistas com a proliferação dos casos de Dengue, Zica e Chikungunya, que são provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, cuja reprodução é maior durante a estação mais quente do ano. Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo apontam que cerca de 143 mil casos da doença foram registrados no Estado em 2021.
Os principais sintomas da dessas doenças são febre alta, manchas na pele, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas articulações. Quem apresenta esses sintomas deve procurar o seu médico ou pronto atendimento, pois são doenças potencialmente graves.
A principal forma de prevenção é eliminar pontos que podem acumular água parada e que provocam o surgimento de poças de água, locais propícios para a proliferação das lavras do mosquito transmissor dessas três doenças. Por isso, o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz alerta sobre a importância de manter caixas d´água bem tampadas, evitar o acúmulo de lixo, realizar a limpeza frequente de ralos, calhas além de eliminar pratos em vasos de plantas. Aqueles que têm animais de estimação, como cães e gatos também precisam dedicar atenção aos recipientes usados como bebedouros dos animais, pois esses locais podem se tornar focos de proliferação do mosquito transmissor da Dengue, Zica e Chikungunya.