Médicos preparam campanha Março Azul, pela prevenção do câncer colorretal

A Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) lançam no próximo mês a edição 2022 da campanha Março Azul para conscientizar a população, profissionais de saúde, gestores e tomadores de decisão para a importância do diagnóstico e tratamento precoces do câncer colorretal (CCR) e estimular a prevenção. Entre as diversas iniciativas, os médicos articulam a aprovação, pelo Senado Federal, do Projeto de Lei 5.024/2019, tornando março o mês oficial de combate à doença no Brasil e incluindo sua prevenção no calendário da saúde pública. A expectativa é de que a proposta seja apreciada pelos senadores ainda em fevereiro.

“Estamos mobilizados para consolidar no Brasil a conscientização sobre o câncer colorretal e sua prevenção. É uma doença prevenível e incluí-la entre as prioridades da saúde pública é essencial”, afirma o médico Ricardo Anuar Dib, presidente da SOBED. “Nosso objetivo é preservar vidas e contribuir para a redução da incidência desta doença”, justifica.

Para o presidente da SBCP, Eduardo Vieira, é fundamental que a campanha se estenda para além de março e alcance todos os estados do País. “Não há fonte mais segura do que o próprio médico. Em tempos de fake news, levar informações confiáveis adiante é o propósito que une a SBCP, a SOBED e outras entidades médicas nesta campanha”, destacou. Ele explica que a campanha pretende engajar a sociedade e estimular a busca por diagnóstico precoce.

Edição 2022 — Realizada com o apoio institucional da Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM) e em parceria com diversas outras especialidades médicas, o Março Azul envolverá iniciativas emblemáticas. Entre elas está a busca de apoio para a iluminação pública de monumentos em todo o País, que serão vestidos de azul durante parte ou todo o mês de março.

Em outra abordagem, a entidade está convidando personalidades em diversas áreas de atuação a gravarem mensagens de apoio à iniciativa, reforçando o alerta para a importância da prevenção da doença. Os vídeos serão divulgados nos canais das entidades médicas nas redes sociais e seus portais na internet.

Com o lema “Abrace essa ideia outra vez”, a iniciativa desdobra o êxito da campanha de 2021, quando mais de 40 milhões de pessoas foram impactadas pela campanha da SOBED. A relevância conquistada pela repercussão das ações colocou o Março Azul no radar da saúde no País.

Naquele ano, dezenas de artistas e influencers e mais dois grandes times de futebol também ecoaram a ideia de prevenção com depoimentos na imprensa e nas redes sociais.

Doença fatal —O câncer colorretal é o segundo que mais mata no Brasil, atingindo mais de 40 mil pessoas por ano. Hoje, a chance de uma pessoa desenvolver a doença é da ordem de 4,3%: sua incidência é mais comum entre homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família.

Com o envelhecimento da população, estima-se que o registro de mortalidade associada à essa doença aumente até 2025: a despeito da possibilidade de prevenção, 85% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor.

O debate em torno da prevenção ganhou impulso em 2017, quando a SOBED desencadeou uma agenda institucional para colocar o diagnóstico precoce e a prevenção do câncer colorretal na agenda do poder público. Para isso, a entidade provocou e participou de reuniões e audiências públicas com autoridades do poder Executivo e Legislativo federal, onde buscou informar e alertar as autoridades para a importância de o país adotar medidas para enfrentar e reverter o avanço desta doença.

Os médicos têm defendido a formulação de uma política nacional de prevenção, que contemple os métodos diagnósticos de menor complexidade e que podem ser oferecidos de forma sistematizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a medicina avalia como essencial identificar pacientes mais propensos a desenvolver esse tipo de câncer para que a prevenção reduza o desenvolvimento da doença.