No Dia Internacional do Combate ao Câncer de Próstata, conheça quatro atitudes que aumentam a demora no diagnóstico da doença

De Rafael

Evitar o exame de toque e confiar apenas no resultado de exame de sangue são dois erros que devem ser evitados, ensina urologista

O câncer de próstata deve atingir 65.840 pessoas em 2021 e, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o segundo mais comum entre homens, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma. Mas, apesar da alta incidência e das cerca de 15,5 mil mortes anuais no Brasil, nem sempre a doença é uma preocupação masculina. Por conta da desinformação e até mesmo do preconceito, muitos homens deixam de fazer os exames necessários. Por isso, o Novembro Azul tenta conscientizar a população para a importância da prevenção, assim como o o Dia Internacional do Combate ao Câncer de Próstata, celebrado nesta quarta-feira, 17 de novembro. Medidas simples podem ajudar a um diagnóstico precoce, que eleva as chances de cura e garante um tratamento menos agressivo, diz o urologista Joaquim Oquendo, do Hospital Marcos Moraes, unidade no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro, especializada no tratamento oncológico.

Segundo ele, como o câncer de próstata tem sintomas silenciosos, a maior parte dos casos somente é descoberta quando já está em fases mais avançadas. Para evitar o problema, deve-se combater quatro atitudes que elevam o risco da demora na detecção do câncer de próstata. Confira quais são:

• Continuar ignorando a saúde durante a pandemia – Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostrou que a procura por cirurgias eletivas urológicas caiu durante a crise sanitária provocada pelo coronavírus. O rastreamento da doença também diminuiu durante os meses de isolamento social. Com índices de contágio mais baixo atualmente, já é hora de colocar as consultas em dia. ” A pandemia já está gerando impacto. Vemos hoje pacientes chegando com tumores maiores e estágios da doença mais avançados. Quando o paciente sente algum sintoma, como dificuldade ao urinar, é sinal de que a doença já está avançada”, lamenta Joaquim Oquendo.

2) Não fazer o exame de toque retal – O preconceito e a desinformação acabam afastando muitos homens do exame de toque, que é fundamental para o urologista identificar o tamanho da próstata, sua textura e até mesmo a presença de nódulos. “O ideal é que se faça o toque, mas muitos pacientes ainda resistem. Alguns deixam até de ir ao consultório para evitar o exame. Nestes casos, torna-se ainda mais fundamental fazer, ao menos, o exame de PSA”, diz o médico. Através de uma amostra de sangue, rastreia-se o antígeno prostático específico (PSA) e consegue-se identificar possíveis alterações que indiquem o aparecimento da doença. O recomendado é que, quando há suspeita do tumor, seja feita uma biópsia através de ultrassonografia transretal para a confirmação do diagnóstico. “A incidência maior é entre homens com mais de 65 anos, mas o recomendado é fazer os exames preventivos a partir dos 50 anos. Se o paciente tiver histórico familiar ou for afrodescendente, o ideal é começar aos 45 anos”, diz o urologista.

3) Confiar apenas no resultado do exame de sangue – Tornou-se natural que, durante consultas de rotina, cardiologistas, clínicos gerais e médicos de outras especialidades solicitem o exame de PSA. Mas, alerta Joaquim Oquendo, não deve-se confiar apenas no resultado entregue pelo laboratório e na opinião do profissional que pediu o teste. “Não há problema se eles solicitarem, mas a interpretação do resultado deve ficar a cargo de um urologista. Os valores de normalidade dados pelos laboratórios estão ultrapassados. Eles consideram um índice até 4 ng/ml (unidades de nanogramas por mililitro) normal, mas, se estiver acima de 2,5 já é necessário ser investigado. Às vezes, mesmo com este índice, se identifica um nódulo ao fazer o toque”, diz Oquendo.

4) Achar que não ter sintomas significa que está tudo bem – O câncer de próstata é silencioso e insidioso. Quando o paciente sente algum sintoma, como dificuldade para urinar ou parada de funcionamento dos rins, é sinal de que a doença já está avançada e pode até mesmo ter atingido outros órgãos. ‘’Quando é um câncer de bexiga, por exemplo, o paciente vê sangue na urina e corre para o médico. Como o câncer de próstata não dá estes sinais, é preciso reforçar sempre a necessidade de prevenção, o acompanhamento anual”, diz Oquendo.

Como o câncer de próstata é tratado

O tratamento depende do estágio e da agressividade em que a doença se encontra. “Se o câncer está localizado na próstata, a abordagem vai ser diferente do caso de quando ele já espalhou e se tornou metastático”, diz o urologista, lembrando que cada caso deve ser analisado individualmente. “Quando a doença estiver em estágio inicial, pode-se optar por radioterapia e cirurgia. Em casos mais avançados, pode ser necessária quimioterapia ou bloqueio hormonal, que provoca alterações na libido pela queda de testosterona”, diz o especialista do Hospital Marcos Moraes.

Quando os pacientes apresentam metástases, diversos tratamentos podem ser realizados, como o bloqueio hormonal, a quimioterapia, novos medicamentos que controlam os hormônios por via oral e também uma nova classe de remédios que são conhecidas como radioisótopos, partículas que se ligam no osso e emitem doses pequenas de radioterapia nestes locais.

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