Procedimentos inovadores como a TAVI (Implante Percutâneo de Válvula Aórtica) e MitraClip, utilizadas pelo Centro de Cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista, agregam mais segurança a cirurgias cardíacas de alta complexidade, com redução do tempo de internação e recuperação mais rápida do paciente.
A alta da taxa de ocupação dos hospitais durante a pandemia reforçou a importância de procedimentos e tratamentos que possam diminuir a permanência dos pacientes nos hospitais. Neste cenário, novas tecnologias como a TAVI e MitraClip ganham destaque em instituições como o Hospital Santa Catarina – Paulista, por garantirem um prazo de reabilitação inferior aos tratamentos convencionais em pacientes cardíacos que necessitam de intervenção cirúrgica. Segundo a Organização Mundial da Saúde, as mortes por doenças cardiovasculares contabilizam 31% dos óbitos no mundo e a disseminação em larga escala do coronavírus pode agravar o quadro daqueles já comprometidos por outras condições. Além disso, a chance da manifestação de sintomas graves da COVID-19 é maior em indivíduos com problemas no coração, especialmente quando acima dos 70 anos. Pensando nisso, a utilização destes recursos avançados possibilita uma diminuição no período de internação dos pacientes com problemas do coração, garantindo uma maior rotatividade de leitos em meio a pandemia.
O Implante Percutâneo de Válvula Aórtica, também conhecido como TAVI, surgiu como uma alternativa às cirurgias cardíacas invasivas, possibilitando o implante de uma válvula que contribui para restabelecer a regularidade do fluxo sanguíneo no coração. O procedimento foi criado com intuito de tratar a estenose aórtica, que, segundo o Ministério da Saúde, atinge de 3% a 5% da população com idade superior a 75 anos. Esta condição causa o estreitamento da válvula aórtica, o que reduz o fluxo sanguíneo cardíaco, levando a uma diminuição na circulação. “Infelizmente não existe tratamento com remédios para a doença. Alguns medicamentos podem diminuir um pouco os sintomas e ajudar a controlar as arritmias (palpitações), mas a única solução definitiva é a troca da válvula comprometida por uma prótese”, aponta Dr. Diego Gaia, cirurgião cardiovascular do Hospital Santa Catarina – Paulista. Adicionalmente, hoje também é possível tratar pacientes que possuem uma prótese na válvula aórtica que esteja apresentando disfunção (alteração de seu funcionamento ideal).
Por atingir pessoas em estágios avançados da vida, o procedimento cirúrgico convencional para a doença é, muitas vezes, impossibilitado por complicações relacionadas às comorbidades (doenças associadas) dos pacientes. Além disso, o prazo para realização de um tratamento é delicado, pois a doença se manifesta de maneira ágil, podendo incitar insuficiência cardíaca, arritmias graves, ou até mesmo, levar ao óbito em um curto período. Todos estes fatores são agravados na pandemia e, por isso, um tratamento que confere uma recuperação ágil é necessário para garantir a segurança de pessoas de idade avançada, que já possuem comorbidades que podem agravar o quadro da COVID-19. Após o procedimento, pacientes conseguem voltar para casa em até 3 dias, o que contribui para evitar a permanência destes no hospital. Para efeito de comparação, na cirurgia convencional, o paciente fica internado, em média, 7 dias. Atualmente, a cirurgia é indicada para um grupo selecionado de pacientes, frequentemente acima de 65 anos e que possuem risco elevado, ou moderado, para procedimentos invasivos.
O TAVI não é a única tecnologia que trouxe inovação para procedimentos cirúrgicos no coração em meio a pandemia. O dispositivo MitraClip surgiu como uma alternativa às cirurgias cardíacas convencionais para o tratamento da regurgitação mitral e tem contribuído relevantemente para a especialidade, principalmente no cenário atual. Também conhecida como insuficiência mitral, esta condição é caracterizada pelo vazamento de sangue em uma das principais válvulas do coração. Uma regurgitação de nível leve pode não levar a sintomas, o que reforça a relevância de consultas regulares com cardiologistas. Em casos mais elevados, o Dr. Gaia afirma que podem surgir indícios como tontura, quadros de desmaio, falta de ar, palpitações irregulares, cansaço, e, até mesmo, sopro cardíaco.
O tratamento convencional para esta doença é um procedimento cirúrgico que objetiva a reparação da válvula comprometida, mas este também não é recomendado para pessoas de idade avançada por ser altamente invasivo, como no caso da estenose aórtica. Por isso, o MitraClip foi criado para oferecer uma alternativa de implantação menos danosa, atendendo ao público que não pode passar pelo tratamento tradicional. “O dispositivo é introduzido através de um vaso sanguíneo localizado na virilha e, portanto, sem a necessidade de abertura do peito do paciente ou a parada do coração”, afirma o especialista. A tecnologia contribui diretamente para a eficiência do sistema cardiovascular e reduz os desconfortos causados pela regurgitação mitral.
Vale notar que ambas as doenças corrigidas pelo procedimento TAVI e pelo dispositivo MitraClip estão associadas à hipertensão arterial, condição que atinge 60% dos idosos no Brasil. A falta de cuidados em relação à pressão alta pode agravar a situação de pacientes acometidos pela estenose aórtica ou pela regurgitação mitral. A doença é frequentemente causada pela falta de atividades físicas e outros hábitos não saudáveis, como tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas em excesso, mostrando que pequenas ações podem contribuir para prevenir a manifestação de complicações mais graves. É importante lembrar que esta condição é diagnosticada quando a pressão do paciente é superior ou igual à 130 por 80. Quem não possui o aparelho medidor, chamado de esfigmomanômetro, deve ficar atento a sintomas como dor de cabeça, visão embaçada, falta de ar, tontura, dores no peito e, até mesmo, zunido nos ouvidos.
Quando o assunto é a prevenção, no caso da estenose aórtica, não existem ações que podem ser tomadas para evitar a manifestação da condição, pois o grande fator de risco é a idade. Mesmo assim, é sempre recomendado a adoção de uma rotina de exercícios e dieta saudável, além do controle de doenças como diabetes, colesterol alto e hipertensão. Já para a regurgitação mitral as recomendações são similares, porém, para aqueles com diagnóstico grave confirmado, é aconselhado a renúncia de determinados exercícios físicos que podem agravar o quadro. Além disso, existem outras ações singelas que podem ser incorporadas ao cotidiano para aliviar os sintomas das condições. Entre estas estão a suspensão do consumo de cafeína, redução do consumo de bebidas alcóolicas e a evasão de fatores que causam estresse.
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