Por Erika Monteiro*
No último ano, presenciamos uma mudança no comportamento da população no que diz respeito ao cuidado com a saúde. A realidade do sistema público fez com que muitos buscassem migrar para a rede privada. Para se ter ideia, em julho de 2021, o número total de usuários de planos de saúde no país ultrapassou o número de 48 milhões. Neste ano, já são mais de 49 milhões.
Com a pandemia de covid-19, um maior senso de urgência atingiu boa parte da população brasileira que, por sua vez, entendeu a importância da prevenção à saúde. Não que o sistema público seja ineficiente, mas a alta demanda implica em dificuldades para o usuário que acaba optando pela rede privada, onde existe uma procura menor. Embora o número de beneficiários nos planos esteja crescendo, ainda não se aproxima do número de pessoas atendidas pelo SUS. Em 2020, 150 milhões dependiam do sistema.
Para se adequar ao aumento de beneficiários na carteira e para suprir a demanda pelos serviços, além de se posicionar no mercado, é fundamental melhorar a gestão da saúde. Se por um lado, o registro desse aumento aponta para um cenário positivo, baseado na preocupação legítima da população em garantir a disponibilidade de consultas, exames e outros procedimentos, por outro, mesmo diante das possibilidades de crescimento do setor, é preciso ressaltar que o país ainda se encontra em um cenário de instabilidade econômica, que gera impactos significativos para a gestão das operadoras.
O aumento da inflação, bem como o impacto da crise no orçamento das famílias, impõem grandes desafios. Entre eles está a perda do poder de compra dos brasileiros que, cada vez mais, deixam a conta fechada e optam por eliminar gastos desnecessários. Por isso, é extremamente importante manter o nível de satisfação do usuário alto, para que se alcance um comprometimento satisfatório. Isso pode ser conquistado com o aprimoramento de processos e fortalecimento das estratégias de fidelização.
A consequência da inflação alta também reflete no aumento dos custos com a aquisição de materiais. Para minimizar os impactos no orçamento, é necessário melhorar o controle e a auditoria no processo. Nesse sentido, a gestão do alto custo se torna necessário para a sustentabilidade das operadoras no mercado.
Por fim, a relação com fornecedores e outros prestadores de serviços também exemplifica um desafio para a saúde suplementar no contexto atual. A manutenção de boas parcerias, fundamentadas na qualidade e na transparência, são indispensáveis para assegurar uma boa assistência ao paciente, com inovação na saúde e preços justos.
A tecnologia como aliada na gestão da saúde
A tecnologia na saúde pode atuar como grande aliada para contornar os desafios. Isso dada a transformação digital, que permite otimizar processos, reduzir custos desnecessários, amenizar perdas e também a garantir a melhor personalização dos serviços oferecidos. São várias as soluções disponíveis. Entre elas, os softwares de gestão em saúde, capazes de otimizar o processo de auditoria e garantir uma melhor alocação dos recursos.
Os softwares de gestão permitem, por vezes, centralizar as informações em um só lugar, unificar a jornada do paciente e padronizar processos. Desse modo, torna-se extremamente viável a coleta de indicadores estratégicos e a conferência de inconformidades na gestão da saúde. Neste cenário, para a operadora competitiva, significa ter êxito no trabalho dos gestores na área de saúde, o que por sua vez proporciona otimização do serviço, melhora no cuidado oferecido ao paciente e, consequentemente, crescimento da reputação da operadora. Portanto, conhecer os desafios para o setor e as ferramentas capazes de solucionar as dores é uma tarefa indispensável para uma gestão da saúde eficiente. É necessário, ainda, estar atento às melhores soluções para garantir a sustentabilidade e sucesso do negócio no mercado.
*Erika Monteiro Silva é sócia-fundadora e COO da Carefy. Graduada em Nutrição e Metabolismo pela Universidade de São Paulo (USP), com graduação sanduíche na Monash University (Austrália), além de MBA em Marketing, Branding e Growth pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A executiva, que possui experiência em ambiente hospitalar no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – USP, atua nos processos operacionais, marketing e design da Carefy, implementando e monitorando as estratégias de crescimento e produto. Érika é mentora dos programas Start da Abstartups e Membership do Supera Parque Tecnológico, além de Young Founder da Westerwelle Foundation.