Papel do RH nas constantes mudanças no mercado profissional

*Por Milene Rosenthal

Sem dúvida alguma o mundo passou por grandes transformações causadas pela Covid-19. O isolamento social, o trabalho remoto, as novas rotinas e outras causas afetaram muito a saúde mental das pessoas. Mas um dos principais setores que vem sofrendo constantes mudanças é o mercado profissional. Segundo dados divulgados recentemente pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas no país. Com um número gigantesco como esse, as incertezas no ambiente profissional vêm afetando os trabalhadores.

Há mais de um ano convivendo com a pandemia, saber lidar com as inúmeras mudanças e instabilidades do mercado vem se tornando um desafio. Com mais um lockdown decretado em abril de 2021, e a possibilidade de novas paralisações até o final do ano, vemos crescer o sentimento de dúvidas que o “novo normal” causa na população.

Por conta disso, fica claro que o papel do RH se tornou ainda mais fundamental no ambiente corporativo, com o objetivo de auxiliar todos os colaboradores a passarem por tamanhos desafios. Uma das soluções que esse departamento pode encontrar para reaproximar a equipe e trazer um sentimento de acolhimento é implementar uma nova cultura corporativa, planejando ações, conversas transparentes e acompanhando a mudança do comportamento do colaborador, até mesmo no âmbito pessoal.

Em uma pesquisa realizada pela Lyra Health, empresa de saúde comportamental, 40% dos funcionários estão enfrentando esgotamento profissional nesse período de pandemia. Por isso, é importante também que a equipe de RH esteja atenta à saúde mental dos colaboradores. Por mais que possa parecer um tema delicado de se tratar, estamos passando por momentos delicados e oferecer um suporte com psicólogos, diálogos entre gestores e auxiliar em questões emocionais, podem fazer a diferença na rotina de trabalho.

Esse é o momento de derrubar barreiras e reforçar a aproximação entre as pessoas, seja por meio de videochamadas para conversas descontraídas ou troca de mensagens online. O que realmente interessa é a demonstração de uma vontade genuína em saber como o colaborador está passando por essa fase. Esse contato, mesmo que digital, mas humanizado, fará a diferença no trabalho, podendo até mesmo impactar em uma melhora de performance.

Sabemos que diante das incertezas, é difícil fazer planos a longo prazo, e isso inclui o retorno do trabalho presencial. Por mais que o home office tenha sido bem aderido pelas empresas, muitas delas estão planejando a volta aos escritórios. Por essa razão, é dever do departamento de recursos humanos ajudar nessa transição, optando pelo modelo de trabalho híbrido, por exemplo, e, claro, reforçando todos os protocolos de segurança. Vale destacar que é preciso despender a mesma atenção e orientação para quem optar por se manter no modelo remoto.

Por fim, estamos há mais de um ano vivendo em pandemia e é preciso que empresas, gestores e colaboradores se unam, cada vez mais, em prol da criação de novos modelos de atuação, em diversos setores. O RH tem papel fundamental e estratégico nesse momento, pois, independente do isolamento social, é preciso criar mecanismos para manter a equipe engajada, com ânimo para alcançar metas e desafios e, principalmente, manter a saúde mental estável.

Por isso, reforce para seu colaborador que ele está em um ambiente seguro, por meio de um relacionamento transparente, honesto e próximo. Essas ações, unidas com feedbacks e incentivos, irão melhorar o trabalho em equipe e o clima organizacional.

* Milene Rosenthal é cofundadora, psicóloga e responsável técnica da Telavita, clínica de saúde mental online que oferece consultas de psicologia e psiquiatria.

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