O presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Adelvânio Francisco Morato, concedeu uma entrevista nesta segunda-feira, 27, a rádio CBN, sobre o posicionamento da rede hospitalar privada em relação aos impactos da implementação do novo piso da enfermagem.
Durante a participação no programa “O Povo no Rádio”, Morato chamou atenção que a questão do mérito não está em debate, mas o impacto que a medida vai causar no funcionamento e sustentabilidade de cerca de 70% da rede hospitalar privada. “A nossa rede é composta por 4.200 hospitais, dos quais cerca de 70% são estabelecimentos com até 100 leitos. Portanto, temos uma rede hospitalar de pequeno e médio portes”, explica o presidente da FBH.
De acordo com ele, os impactos mais severos serão sentidos nos estados das regiões Norte e Nordeste. “Na Paraíba, por exemplo, o reajuste no salário da enfermagem será de mais de 180%. Isso é insustentável para qualquer empresa de qualquer área”, acrescentou.
Ao ser questionado sobre as expectativas do setor em relação a um desfecho positivo sobre o assunto, Morato cobrou mais atenção do legislativo para os hospitais privados. “Os debates em torno da criação de uma fonte de custeio só levam em consideração os hospitais públicos e os filantrópicos, e acabam esquecendo que é justamente a rede privada que responde por mais da metade dos atendimentos hospitalares realizados pelo SUS, por meio dos prestadores de serviços”, frisou.
Segundo levantamento realizado pela FBH, e encaminhado aos ministros da Suprema Corte, os impactos do novo piso de enfermagem poderão gerar demissões, desativação de leitos e fechamentos de hospitais em todo país, sobretudo os de pequeno e médio portes, localizados nas regiões Norte e Nordeste. A entidade estima que algo em torno de 30 a 40% dos estabelecimentos da rede serão diretamente afetados em todo país.