Manter ambientes limpos e sem água parada é crucial para evitar casos da doença, que se multiplicam no país durante a crise de Covid-19
O Brasil vive uma epidemia dentro da pandemia. Além dos estragos causados pelo coronavírus, os brasileiros – sobretudo os que moram no litoral paulista – enfrentam uma epidemia de dengue. Nove cidades da região registraram mais de 5.720 casos neste ano, sendo que Guarujá e São Vicente chegaram a declarar estado epidêmico. Na capital paulista, a história se repete: a cidade já registrou 4.214 casos, o dobro do mesmo período no ano anterior.
Ano após ano, a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, vem disseminando o vírus. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019 o país registrou 1,5 milhão de notificações de casos de dengue. Em 2020, o número caiu para 980 mil, mas pesquisadores acreditam que houve subnotificação. A tese destes cientistas de instituições como a Fiocruz é que muitas pessoas com quadros leves de dengue não foram aos hospitais para evitar exposição ao coronavírus.
Subnotificada ou não, a dengue é uma constante em países tropicais por causa das altas temperaturas e grande volume de chuva. Neste contexto, as ações preventivas são fundamentais para evitar a proliferação de criadouros do mosquito. “É preciso evitar água parada, em qualquer época do ano, e ficar atento àquele vasinho de planta que acabou de ser regado”, diz o especialista Fernando Bernardini, gerente de desenvolvimento de soluções da Bayer.
Bernardini ainda ressalta a necessidade de manter os ambientes protegidos e higienizados. “Manusear e descartar o lixo da forma correta vedando bem os sacos, manter garrafas de boca para baixo, furar e eliminar latinhas, tapar ralos são medidas importantes”, acrescenta. Também é essencial manter os jardins sem água parada e aparados, o que favorece a circulação de ar.
É preciso lembrar que quando o Aedes aegypti entra em casa, prefere ambientes baixos e sem exposição solar: atrás da porta, dos móveis, das cortinas e embaixo da mesa. Para combatê-lo, Bernardini dá algumas dicas: “Usar telas mosquiteiras nas janelas e portas, fechar a casa próximo do anoitecer, usar repelentes e aplicar inseticida nos locais que os mosquitos costumam se alojar são hábitos que podem ser valiosos para evitar a doença”, diz o executivo da Bayer.
Cenário catastrófico
No contexto de mudanças climáticas e aumento da temperatura média no mundo, cientistas acreditam que uma das consequências será a redistribuição geográfica de enfermidades transmitidas por mosquitos.
Isso significa que regiões antes inviáveis para a proliferação do Aedes aegypti devido às baixas temperaturas poderão ter clima e condições favoráveis por causa do aquecimento global. Embora hipotético, tal cenário acende o semáforo vermelho e torna as ações preventivas para a proliferação de criadouros cada dia mais indispensáveis.
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