Com metodologia de referência mundial, o “Saúde em Nossas Mãos” aborda práticas relacionadas às principais infecções hospitalares, bem como o uso de ferramentas para a melhoria da qualidade e segurança do paciente
Iniciativa do Ministério da Saúde, realizada no âmbito do PROADI-SUS, resultou na economia de R$ 584 milhões entre os anos de 2018 e 2023, em mais de 300 hospitais públicos
Após 18 meses de participação no projeto Saúde em Nossas Mãos: Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil, o Hospital da Criança de Brasília (HCB) alcançou uma redução de 37,5% das infecções de corrente sanguínea nos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a mais prevalente da unidade. Além disso, foram mais de 700 profissionais capacitados e impactados com a mudança de cultura para evitar as principais infecções hospitalares. A iniciativa é do Ministério da Saúde, realizada no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) pelos hospitais Alemão Oswaldo Cruz, BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hcor, Einstein, Moinhos de Vento e Sírio-Libanês.
De acordo com Infectologista e coordenador médico do Serviço de Controle de Infecção do HCB, Bruno Lima, as demais Infecções Relacionadas Assistência à Saúde (IRAS), como Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) e Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter Vesical (ITU-AC), já apresentavam baixa incidência e permaneceram estáveis. Com taxas de adesão positivas aos pacotes de prevenção, assim como ajustes em intervenções e ferramentas que permitem a continuação dos conhecimentos adquiridos, a metodologia aprendida está sendo expandida para outras áreas da instituição, a começar pela internação.
“A UTI é um setor complexo, principalmente em pediatria, como é o nosso caso, e, embora já tivéssemos estabelecido práticas para o controle de infecção, o projeto Saúde em Nossas Mãos nos trouxe ferramentas e técnicas utilizadas em instituições consideradas referência em saúde e, em poucos meses, nossos indicadores não apenas melhoraram, como diminuíram constantemente no que tange as principais infecções hospitalares e notamos uma nítida melhora no tempo de internação”, afirma.
Com sua unidade de internação ativada em dezembro de 2018, o hospital passou a ser responsável por mais de 400 mil atendimentos ao ano, compreendendo exclusivamente a assistência de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de toda a região do Distrito Federal, incluindo a Rede Integrada de Desenvolvimento, que abrange municípios dos estados de Minas Gerais e Goiás. “Entre 2020 e 2021, pouco tempo após a ativação, nosso time passou por treinamentos intensivos e discussões com profissionais do Einstein, responsável pela coordenação da nossa unidade durante a iniciativa, o que os empoderou de forma substancial. Foram munidos dos estudos mais atuais e, hoje, atuam com segurança, conhecendo profundamente cada etapa do trabalho e a importância de seguir à risca as recomendações”, conclui.
Para Flávia Franco, coordenadora do Saúde em Nossas Mãos do HUB Einstein e responsável pelo acompanhamento do HCB, o projeto atua fornecendo práticas seguras relacionadas às principais infecções hospitalares, metodologias e ferramentas para o uso do modelo de melhoria, análise de indicadores, análise de diagnósticos, tudo em busca da melhoria da qualidade e segurança dos pacientes e dos profissionais que prestam a assistência. O trabalho inclui a aproximação com familiares e acompanhantes dos pacientes, informando-os sobre como contribuir para a prevenção das infecções durante a permanência no hospital.
“O objetivo do projeto é fortalecer a gestão dos hospitais públicos por meio das melhores práticas em saúde, de modo a reduzir óbitos por infecções, reduzir infecções através do trabalho qualificado e, ainda, garantir economia aos cofres públicos. O resultado é nítido em cada instituição participante, que tem mérito pelo empenho de seus profissionais, que acolhem nossas recomendações e colocam em prática todo o aprendizado adquirido”, diz.
Sobre o projeto Saúde em Nossas Mãos
Desde 2018, quando teve início, o projeto Saúde em Nossas Mãos: Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil foi responsável por evitar cerca de 11 mil IRAS, salvar mais de 4 mil vidas e gerar uma economia de R$ 584 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os números são referentes à atuação em mais de 300 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública, localizadas em todas as regiões do Brasil, e refletem o impacto da capacitação dos profissionais para estimular a implementação de práticas seguras com foco na segurança do paciente e dos profissionais da saúde que atuam no cuidado intensivo.
Só nos últimos 18 meses, foram evitadas 3.764 Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), 1.434 vidas foram salvas e foi gerada uma economia de R$ 230 milhões ao SUS a partir dos esforços das equipes das 189 UTIs adulto, pediátrica e neonatal da rede pública.
Alinhado ao Plano Nacional de Saúde (PNS) e ao Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), a iniciativa busca reduzir, em médio prazo, a incidência das principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), além de disseminar a metodologia de melhoria da qualidade denominada “Modelo de Melhoria” para os Serviços de Saúde e, demonstrar o impacto financeiro com a prevenção das infecções. A longo prazo, a expectativa é contribuir com a mudança da cultura das organizações de saúde com relação à segurança do paciente. O foco do projeto está na redução das três principais infecções: Infecção Primária da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central (IPCSL); Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV); e Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter Vesical (ITU-AC).
Nos países em desenvolvimento, 10 em cada 100 pacientes hospitalizados ficam expostos a infecções associadas a cuidados de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, acredita-se que cerca de 70% dos danos notificados nos hospitais do país sejam evitáveis, e foi com base neste contexto que, em 2013, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), cujas equipes técnicas atuam em parceria com os hospitais PROADI-SUS nesta iniciativa, com o apoio da Coordenação Geral de Atenção Hospitalar e de Urgência do Departamento de Atenção Hospitalar da Secretaria de Atenção à Saúde (CGAH/DAHU/SAS/MS).
Créditos: Divulgação HCB