Um espaço voltado para as artes com o uso de materiais recicláveis foi inaugurado nesta quarta-feira, 16, no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém. Batizado com o nome de Gaia, sigla para “Gerando Amor, Ideias e Artes”, a iniciativa produzirá materiais manufaturados que serão destinados a trabalhos pedagógico-artísticas, ampliando as ações já realizadas pelo hospital com foco na humanização do trabalho de assistência aos pacientes.
O objetivo da unidade é promover atividades lúdicas para as crianças e jovens em tratamento contra o câncer e contribuir para a conscientização sobre a importância da sustentabilidade. Em junho, é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Entre as crianças que inauguram o novo espaço está o pequeno Calebe da Fonseca, de 4 anos. O paciente mirim ficou encantado com a quantidade de materiais à disposição para as atividades e aproveitou para brincar com as tintas e realizar pinturas. “Gostei muito de pintar o sol e a lua”, disse.
Morador de Almerim, na região Oeste do Pará, Calebe está internado para tratamento no Oncológico Infantil desde maio deste ano. Mesmo com a pouca idade, o garoto demonstra total facilidade com comunicação e é um apaixonado por instrumentos musicais.
Ateliê para famílias
Além das atividades com as crianças, o local também será usado na realização de oficinas com as mães e familiares que acompanham pacientes e já estão envolvidas em vários projetos do hospital. Todas as ações seguirão medidas vigentes de segurança contra o novo coronavírus.
De acordo com Jaasai Ribeiro, analista de Humanização do Oncológico Infantil, durante a realização das atividades com os pacientes serão reaproveitados diversos itens em trabalhos manuais, como rolo de papel-toalha, papelão, garrafas plásticas e muitos outros que possam ser adaptados em novas produções pelos jovens.
“As atividades pedagógico-artísticas que desenvolvemos com os pacientes buscam sempre relacionar ao aspecto ambiental. Nesse sentido, a humanização também amplia o cuidado, proporcionando acolhimento e auxiliando no processo de hospitalização”, ressalta.
Brasil desperdiça R$ 14 bilhões
No Brasil, estima-se que R$ 14 bilhões por ano são desperdiçados com a falta de reciclagem adequada. Os dados foram divulgados pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). O estudo ainda aponta que são gerados cerca de 80 milhões de toneladas de lixo, mas apenas 4% são reciclados.
Na contramão dessa estatística, o Oncológico Infantil Octávio Lobo, unidade do Governo do Pará e gerenciado pela entidade filantrópica Pró-Saúde, vem desenvolvendo atividades socioeducativas em reciclagem considerando a prática sustentável como valor agregado a assistência.
Desde 2016, a unidade mantém em funcionamento a Comissão de Resíduos Sólidos em Saúde, composta por equipe multidisciplinar da instituição que desenvolve ações relacionadas às rotinas de armazenamento e descarte correto de resíduos gerados.
O trabalho da gestão dos resíduos na unidade avalia cada etapa, que vai desde a segregação até a destinação ambientalmente correta. As reuniões mensais da comissão apresentam os eventuais problemas e criam ações mitigadoras para minimizar os possíveis impactos.
“Além do novo espaço para atividades pedagógicas e de humanização, iremos ampliar a conscientização sobre o meio ambiente, integrando ao tratamento do paciente valores de respeito à natureza e sustentabilidade”, finaliza a psicóloga hospitalar Maíra Souza, que integra a equipe Multiprofissional do Oncológico Infantil.
O espaço Gaia estará sob os cuidados do Setor de Humanização, responsável por projetos de acolhimento. As ações têm a participação de todos os profissionais, envolvendo brinquedistas, enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, assistentes sociais, dentre outros.
Segundo Fábio Machado, diretor Hospitalar do Oncológico Infantil, a implantação do espaço ganha diferentes funções. “Tratamento terapêutico, pedagógico, acolhimento e sustentabilidade. São diversos os benefícios que nos fazem acreditar cada vez mais na saúde pública de qualidade oferecida aos pacientes”, conclui.