Cibersegurança e o protagonismo nas instituições de saúde

De Rafael

Por Andrey Abreu, diretor Corporativo de Tecnologia da MV 

Quem já passou por um roubo ou teve seus dados comprometidos por algum ataque hacker, imagina o que é ficar imóvel frente a uma ameaça quase que invisível. Agora imagine um hospital, com muitos pacientes de urgência, atendimentos a todo vapor, e de repente tudo para de funcionar. Um alerta é enviado aos terminais e em alguns instantes a alta direção recebe uma ligação de um criminoso exigindo resgate para retornar a operação ao normal.

Parece uma cena de filme, mas infelizmente é real e mais comum do que imaginamos. O hospital está recebendo um ataque de ransomware (sequestro de dados), onde em troca é exigido o pagamento de uma alta quantia, caso contrário todos os dados, entre histórico clínico e informações financeiras serão excluídos definitivamente.

Os alertas sobre o assunto estão aumentando a cada dia mais, assim como a quantidade de tentativas. De acordo com o relatório da Cynerio em parceria com o Ponemom Institute chamado “The Insecurity of Connected Devices in Healthcare”, publicado nesse ano de 2022:

  • 47% dos entrevistados receberam ataques de ransomware no último ano, sendo que 34% pagaram entre 250 a 500 mil dólares pelo resgate;
  • 70% foram atacados três vezes ou mais no último ano;
  • 43% sofreram violação de dados nos últimos 2 anos;

O relatório ainda aponta o aumento em 24% dos casos de mortalidade causadas por ataques cibernéticos.

Diferente do setor de varejo ou bancário, onde o preço de um ataque é a perda de dinheiro ou de vendas, quando um hospital é hackeado, pessoas gravemente doentes ficam sem receber seus medicamentos, equipamentos e sistemas deixam de funcionar, a bússola da rotina médica é quebrada, e esse caos pode custar vidas.

Outra pesquisa, esta realizada pelo Checkpoint Research, aponta:

  • Crescimento de 64% nos ataques às instituições de saúde, que ocupa hoje o segundo lugar na lista dos setores com maior número de ataques, atrás somente do varejo;
  • Uma a cada 40 organizações são atacadas por ransomware por semana, um crescimento de 59% no último ano;

Mesmo havendo um crescimento nos últimos 10 anos de mais de 100% nos investimentos de TI na saúde, o percentual ainda está abaixo da média de mercado para outros setores. Temos um cenário onde os investimentos crescem, e ainda sim são menores do que deveriam ser.

Não devemos ignorar a importância da segurança, achando que nunca acontecerá conosco. Um grande erro que acontece inclusive com as pessoas, é achar que nunca será roubado, ou achar que nunca sofrerá uma invasão, que só acontece com o vizinho no outro lado da rua.

E esse é o principal ponto que leva a ter instituições tão vulneráveis, é igual seguro de carro, ignorar que você pode sofrer um acidente ou ter o seu carro roubado e não fazer um seguro é um erro grave e pode custar muito caro.

O ponto importante, e que pode ser um “start” neste cenário é educar o time, pois a maioria dos ataques iniciam por ações realizadas pelo usuário.

Os ataques sempre começam pelo elo mais frágil da cadeia, seja um e-mail com um link de uma oferta promissora, ou um arquivo para download de um relatório com dados revolucionários sobre a sua rotina.

Segurança é um assunto muito sério, principalmente na área da saúde e precisa ser tratado com muita atenção e prioridade.

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