Iniciativa é uma parceria entre Instituto Serrapilheira e Instituto Jô Clemente
Em uma parceria inédita, o Instituto Serrapilheira e o Instituto Jô Clemente (IJC) lançaram um edital conjunto para financiar pesquisas que busquem diagnosticar o mais cedo possível doenças raras de origem genética. As inscrições foram abertas nesta terça-feira (1º), no portal do Serrapilheira.
A Organização Mundial da Saúde tem hoje mais de 5,5 mil doenças raras catalogadas. São enfermidades incuráveis, que afetam mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Cerca de 70% dessas disfunções têm origem genética e costumam ser de difícil detecção. De fato, muitos sintomas se parecem com aqueles provocados por doenças comuns. Com isso, os pacientes podem passar longos períodos em exames ou mesmo tratamentos inadequados, adiando o diagnóstico correto. São exemplos de disfunções de origem genética as doenças lisossomais, as dos erros inatos do metabolismo e as neuromusculares.
Com a publicação do edital, os institutos querem fomentar a pesquisa para detecção precoce de disfunções genéticas por meio de técnicas como a coleta de sangue seco em papel filtro, método usado no Teste do Pezinho, no qual o IJC foi pioneiro no país. O objetivo é que os pesquisadores busquem desenvolver novos testes que possam ser feitos já na triagem neonatal.
“Esta é a primeira vez que o Serrapilheira mobiliza cientistas a buscarem respostas para um desafio específico e aplicado, como é o caso da busca por diagnósticos precoces de doenças raras, então ficamos contentes de nos unirmos ao IJC nessa missão”, ressalta Cristina Caldas, diretora de Ciência do Instituto Serrapilheira. “Buscamos cada vez mais parcerias com instituições não governamentais que possam capilarizar os recursos privados para a ciência. Queremos, a partir da nossa experiência com chamadas públicas e financiamento à pesquisa, ajudar outras organizações privadas a fazerem doações.”
O edital, financiado integralmente pelo IJC, dedicará um total de R$ 900 mil para abastecer as pesquisas. Um único projeto pode obter até R$ 300 mil. Os recursos recebidos deverão ser usados em um período de 2 anos. Os selecionados terão flexibilidade no uso da verba, desde que os gastos estejam associados aos objetivos da pesquisa.
O Serrapilheira, primeira instituição privada de fomento à ciência e à divulgação científica, entrará na parceria com seu know-how de desenvolvimento e publicação de chamadas públicas para pesquisa. Desde 2016, o instituto já investiu mais de R$ 60 milhões em mais de 200 projetos científicos e de divulgação científica pelo país.
Daqui para frente, os dois institutos pretendem aumentar as iniciativas de atuação conjunta. “É uma grande honra firmar essa parceria com o Instituto Serrapilheira, uma organização que é referência no fomento à pesquisa e que busca valorizar a ciência brasileira. O IJC tem o conhecimento e a inovação como guias do trabalho desenvolvido na instituição, buscando sempre incentivar a produção de pesquisas sobre deficiência intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e doenças raras que auxiliem o processo de inclusão e de promoção da qualidade de vida das pessoas”, explica Edward Yang, gerente do Centro de Ensino, Pesquisa e Inovação (Cepi) do IJC.
Inscrições podem ser feitas até 2 de dezembro
Para se inscrever no edital, os candidatos devem cumprir uma série de requisitos. É preciso ter título de doutor e ter vínculo permanente com alguma instituição de ensino no Brasil. O interessado deve ainda ter ao menos dois artigos científicos de impacto publicados na área de doenças raras ou desenvolvimento de testes diagnósticos em sangue seco. O domínio da língua inglesa é fundamental, já que apresentações e entrevistas serão conduzidas nesse idioma.
O edital também é aberto a sócios de empresas ou startups de base tecnológica e servidores públicos em cargos técnicos, desde que estejam realizando pesquisa em sua instituição-sede.
As pré-propostas poderão ser enviadas até o dia 2 de dezembro. Elas serão agrupadas em blocos de acordo com os tipos de doenças raras: anomalias congênitas ou de manifestação tardia, deficiência intelectual, erros inatos ou problemas de metabolismo. Os documentos serão avaliados por cientistas que atuam em instituições internacionais de excelência. Os selecionados para a fase 2 serão divulgados em 6 de fevereiro de 2023.
Na segunda etapa, os candidatos deverão detalhar as propostas de pesquisa, com informações sobre a metodologia que será utilizada, a doença-alvo escolhida, a abordagem e os riscos. O prazo para o envio é até o dia 10 de abril. O resultado final será divulgado em 5 de junho.