Os dois países são importantes fornecedoras de paládio e gás neônio, usados em semicondutores e lasers. Ausência dos componentes pode prejudicar produção, reparos e recondicionamento de equipamentos médicos.
O setor de equipamentos médicos pode ser impactado pela invasão da Ucrânia pela Rússia. De acordo com a Associação Brasileira de Equipamentos para a Saúde (ABIMED), o conflito no Leste Europeu pode comprometer o fornecimento de elementos fundamentais para a produção de semicondutores e lasers, como como paládio e gás neônio.
“Ausência desses elementos vai atingir diversos setores, dentre eles o de saúde. Só que, no nosso caso, cria-se um efeito bola de neve, pois prejudica a compra de novos equipamentos, reparos em produtos já adquiridos ou o recondicionamento desses aparelhos. O maior prejuízo é principalmente para quem está na ponta da linha: os pacientes”, afirma Fernando Silveira Filho, presidente da ABIMED.
Porém, a preocupação não é só na parte de fornecimento de equipamentos. A guerra pode causar forte impacto decorrente do aumento internacional da cotação de petróleo, que já vem ocorrendo, e seus reflexos na cadeia de distribuição e comprometimento da oferta dos bens, encarecendo a compra e atualização dos aparelhos. Isso, somado a uma estagnação econômica local e taxa de câmbio ainda elevada, cria uma perspectiva muito delicada.
“Apesar de um bom PIB em 2021, a previsão para 2022 não é muito animadora. O relatório FOCUS do Bacen publicado no início de março indica um crescimento de 0,42% o que é motivo de preocupação para todos os setores, inclusive o de equipamentos médicos”, completa Silveira Filho. Apesar desse cenário delicado, a ABIMED afirma que ainda não é possível quantificar, de maneira plena, os impactos da guerra, a qual esperamos e torcemos muito para que se encerre o mais breve possível.