Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil registraram alta de +0,27% em janeiro deste ano, segundo o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador criado pela Fipe em parceria com a Bionexo — healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde. O resultado ficou abaixo da inflação no período medido pelo IPCA/IBGE (+0,54%) e do IGP-M/FGV (+1,82%), mas acima da taxa média de câmbio (-2,08%).
“Os resultados do índice refletem uma redução na volatilidade mensal desde novembro de 2021, o que contrasta com as oscilações expressivas ao longo de 2020 e 2021 — ano em que o IPM-H registrou alta de +14,7% no primeiro semestre, seguida por uma acomodação de -7,6% na segunda metade”, avalia Rafael Barbosa, CEO da Bionexo. “Além disso, o cenário de maior estabilidade ocorre em função da possível influência de fatores relacionados aos números da pandemia, que afetam direta e indiretamente a demanda (e os preços) do mercado. É importante salientar ainda o papel da sazonalidade, atribuída ao calendário de reajustes da CMED (usualmente autorizados em abril de cada ano). Mesmo com essa maior estabilidade, há um crescimento acentuado de 19,16% desde o início da pandemia”, conclui o executivo.
O resultado positivo foi impactado pelas variações nos grupos sistema nervoso (+7,44%); aparelho geniturinário (+3,91%); aparelho cardiovascular (+3,36%); órgãos sensitivos (+1,76%); sistema musculoesquelético (+1,48%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+1,04%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+0,36%). Por outro lado, houve recuo nos preços dos grupos anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-3,46%); preparados hormonais (-2,13%); agentes antineoplásicos (-2,08%); aparelho digestivo e metabolismo (-0,13%).
Considerando um horizonte mais amplo, o IPM-H já acumula uma alta de 4,86% nos últimos 12 meses, encerrados em janeiro de 2022. Nesse cenário, contribuíram para o resultado as variações na maioria dos grupos da cesta do índice, incluindo preparados hormonais (+22,44%); sangue e órgãos hematopoiéticos (+15,31%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+14,52%); órgãos sensitivos (+10,66%); aparelho respiratório (+9,53%); sistema nervoso (+5,75%); aparelho geniturinário (+5,70%); e agentes antineoplásicos (+2,92%). Em contrapartida, houve recuo nos grupos sistema musculoesquelético (-10,75%); aparelho digestivo e metabolismo (-5,25%); anti-infecciosos para uso sistêmico (-3,41%); e aparelho cardiovascular (-3,23%).
Sobre o IPM-H
O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma healthtech, por onde são transacionados mais de R$ 12 bilhões de negócios por ano no mercado da saúde, o que representa cerca de 20% do que é transacionado no mercado privado nacional.
A empresa conecta mais de duas mil instituições de saúde a mais de 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.
Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma. Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.