Preço dos medicamentos no país registra alta de 0,64% em fevereiro, apontam Fipe e Bionexo

De Rafael

Índice já registra três aumentos seguidos; variação acumulada em doze meses é de +5,77%

Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil registraram alta de +0,64% em fevereiro deste ano, de acordo com o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador desenvolvido pela Fipe em parceria com a Bionexo — healthtech líder em soluções digitais para gestão em saúde. O desempenho representou a terceira alta consecutiva do índice, após os avanços em dezembro do ano passado (+0,19%) e janeiro deste ano (+0,27%). No acumulado de 2022, o IPM-H apresenta uma variação total de +0,91%.

O resultado em fevereiro ficou abaixo da inflação medida no período pelo IPCA/IBGE (+1,01%) e do IGP-M/FGV (+1,83%), mas acima da taxa média de câmbio (-6,10%). “Apesar do ligeiro avanço do índice nos últimos meses, não houve oscilação expressiva em relação aos meses correspondentes dos últimos anos. Assim, os resultados recentes do IPM-H reforçam o cenário de estabilização que vem ocorrendo desde o fim do ano passado”, avalia Rafael Barbosa, CEO da Bionexo.

A variação positiva do índice em fevereiro foi impactada pelos grupos sistema nervoso (+8,10%), preparados hormonais (+2,30%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+1,74%), aparelho geniturinário (+0,86%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+0,86%) e órgãos sensitivos (+0,67%). Por outro lado, houve recuo nos preços dos grupos anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-3,31%), aparelho respiratório (-1,62%), aparelho digestivo e metabolismo (-1,19%), sistema musculoesquelético (-0,65%), agentes antineoplásicos (-0,64%) e aparelho cardiovascular (-0,64%).

Considerando um horizonte mais amplo, o IPM-H já acumula uma alta de +5,77% nos últimos 12 meses, encerrados em fevereiro de 2022. No mesmo período, a taxa está abaixo da variação da inflação medida pelo IPCA/IBGE (+10,41%) e do IGP-M/FGV (+16,12%), porém acima da taxa de câmbio (-4,06%). Nesse cenário, contribuíram para o resultado as variações sobretudo nos grupos preparados hormonais (+26,44%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+24,76%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+15,93%), órgãos sensitivos (+11,65%), sistema nervoso (+10,71%), aparelho geniturinário (+9,82%), aparelho respiratório (+8,59%), e agentes antineoplásicos (+0,24%).

Em contrapartida, quatro grupos de medicamentos não apresentaram avanço no período: sistema musculoesquelético (-12,63%), anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-5,85%), aparelho cardiovascular (-5,37%) e aparelho digestivo e metabolismo (-1,73%). Nessa perspectiva, a oscilação mensal do IPM-H em fevereiro de 2022 foi ligeiramente superior à média histórica do índice para esse mês desde o ano de 2015 (+0,22%), sendo superada somente pelo comportamento registrado pelo índice em fevereiro de 2020 (+1,70%). A variação acumulada do IPM-H em 12 meses, por sua vez, passou de +20,22%, no pico da pandemia (abril de 2021), para +5,77%, no último mês (fevereiro de 2022) — comportamento compatível com o histórico pré-pandemia do índice.

Sobre o IPM-H

O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma healthtech, por onde são transacionados mais de R$ 12 bilhões de negócios por ano no mercado da saúde, o que representa cerca de 20% do que é transacionado no mercado privado nacional.

A empresa conecta mais de duas mil instituições de saúde a mais de 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.

Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma. Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.

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