Profissionais da linha de frente estiveram mais expostos ao estresse mas, com acolhimento e longe de estigmas, organização ampliou o acesso a cuidados psicoterapêuticos e psiquiátricos com projeto de preservação da saúde e bem-estar mental
Programa é voltado a todos os colaboradores
Reconhecido como melhor hospital para se trabalhar pelo Great Place to Work (GPTW) pelo selo de saúde emocional, o Einstein registrou, ao longo da pandemia, estabilidade no absenteísmo por transtornos mentais tanto no corpo clínico, como nas demais áreas da organização. A situação, oposta a que foi vista no mercado — que evidenciou 23% de aumento nos afastamentos relacionados a transtornos mentais de 2019 a 2020, segundo dados da consultoria Kenoby — é resultado de um robusto programa de preservação da saúde e bem-estar mental de colaboradores e seus dependentes, estruturado pela organização desde 2019.
O “Programa Calmamente”, do Einstein, oferece assistência psicológica para fortalecimento da saúde mental e, consequentemente, desenvolvimento pessoal e profissional. Construído dentro de um modelo de gestão de saúde populacional, o projeto tem a finalidade de suprir a lacuna de acesso à saúde mental. As iniciativas já impactaram cerca de 5 mil colaboradores da organização. Hoje, o programa conta com mil profissionais e dependentes em acompanhamento.
“Quando a pandemia chegou, tudo foi intensificado, sobretudo no que diz respeito à rotina dos profissionais de saúde. Assim, começamos a triar nossos colaboradores e identificar, por meio de recursos especializados, as necessidades nesta parte emocional. Uma das ações foi a implementação da plataforma de psicoterapia, que oferece tratamento de saúde mental isento de coparticipação, desta forma, conseguimos aumentar a adesão e não gerar custo para os colaboradores”, relembra Luiz Gustavo Zoldan, chefe de Saúde Mental do Einstein.
Entre outros resultados de destaque do programa, também está o aumento em mais de três vezes do número de atendimentos mensais de saúde mental, quando comparados os dados do início de 2021 (500 consultas) e do início de 2022 (1.700 consultas).
Para Zoldan, os dados evidenciam uma demanda que estava reprimida e que, hoje, reflete uma mudança no comportamento, uma vez que as pessoas estão mais seguras para buscar esse cuidado, cenário que é fundamental para impedir o agravamento da condição que pode culminar em afastamentos. “Uma postura consciente e acolhedora vinda das lideranças e dos próprios colegas, longe de estigmas, permite que essas pessoas se sintam confiantes para buscar apoio para suas demandas. E é isso que buscamos promover no Einstein”, afirma.
Outros destaques do “Programa Calmamente”
O programa interno de preservação da saúde e bem-estar mental do Einstein é dividido em oito eixos principais — promoção, prevenção, atenção primária, atenção psicossocial, urgência e emergência, atenção hospitalar, atenção domiciliar e reabilitação psicossocial — e tem como objetivo tornar o local de trabalho um ambiente psicologicamente seguro, saudável e sustentável, além de reduzir os estigmas das doenças mentais.
Uma das ações atreladas ao “Calmamente” é a plataforma Hotline, canal de primeiros cuidados psicológicos, disponibilizados aos colaboradores e seus dependentes. Nela, os pacientes são orientados via telefone ou mensagem de aplicativo e, assim, direcionados de acordo com suas necessidades. Desde 2019, a plataforma já realizou mais de 3,2 mil atendimentos.
Outra frente do programa, amplamente trabalhada durante a pandemia, é a plataforma Ouvid. Disponível na intranet do Einstein, ela oferece aos usuários podcasts, vídeos e orientações de apoio emocional. Todos os materiais foram selecionados para fazer bem à mente, promovendo sensações de relaxamento, paz e tranquilidade, minimizando as angústias e estresses do cotidiano. Até o momento, os conteúdos já registram mais de 20 mil acessos.
Mas, muito além dos números, o “Calmamente” apresenta resultados palpáveis junto às equipes, como é o caso da intervenção realizada com os profissionais da limpeza predial noturna é referência. Nesse exemplo, o time de saúde mental se utilizou da metodologia de encontros em grupo para trabalhar temas de comunicação não violenta, autocompaixão, gestão de energias e prevenção de estresse e burnout. Como resultados, houve melhora na gestão das energias, aumento do espírito colaborativo e de time, bem como ganhos na percepção de que a atitude de cada um afeta o grupo como um todo.
De acordo com Zoldan, ampliar o acesso ao serviço é um importante passo, mas não o único, para beneficiar os colaboradores. “É necessário reavaliar a cultura da organização e as práticas de gestão em saúde. É indispensável a conscientização institucional, olhar para além das doenças do corpo físico. Os líderes precisam estar preparados para se tornarem promotores de saúde mental. Sem um time emocionalmente saudável nenhuma empresa conseguirá avançar”, observa.
Ainda segundo o psiquiatra, é necessário que as organizações olhem para além dos números e resultados operacionais imediatos. “Trata-se de ter um olhar para o todo, para a saúde integral dos profissionais do seu time. Um bom cuidado da saúde física e mental, naturalmente, irá trazer bons resultados e boas entregas. Um colaborador saudável e satisfeito é, sem dúvida, um profissional mais engajado”.