Com o objetivo de reduzir novos eventos cerebrais e cardíacos, o estudo TRIDENT vai avaliar pacientes atendidos em 11 centros do Nordeste, Sudeste e Sul do país; podem participar pessoas acima de 18 anos com histórico de AVC hemorrágico e que não tenham ficado gravemente debilitadas
Pacientes de 11 centros brasileiros especializados em Acidente Vascular Cerebral (AVC) podem participar de um dos maiores estudos de prevenção secundária de AVC hemorrágico do mundo — no Brasil, o projeto é conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde. Para se candidatar, é necessário ter histórico de AVC hemorrágico ao longo da vida, ser maior de 18 anos, ter pressão alta e não possuir doenças relacionadas ao rim e fígado. A estimativa de inclusão global é de 1,5 mil pacientes, sendo que o Brasil tem a meta de incluir 200 brasileiros das regiões Nordeste, Sudeste e Sul até o final de 2023. Os interessados em participar da pesquisa podem entrar em contato com a Rede Brasil AVC por meio do WhatsApp. A relação das cidades contempladas pode ser acessada ao final do texto.
O estudo TRIDENT, sigla em inglês para “Estudo da Terapia Tripla para Prevenção de Eventos Recorrentes de Doença Cerebral Intraparenquimatosa”, é coordenado internacionalmente pelo The George Institute for Global Health, na Austrália, e tem como objetivo fornecer evidências do impacto do tratamento a nível global. Para isso, investiga a combinação de medicamentos anti-hipertensivos em uma única pílula para a diminuição da recorrência do AVC hemorrágico, uma das formas mais graves e responsável por 10% das reincidências de AVC no mundo.
O Projeto TRIDENT testa o efeito de uma combinação de três medicamentos anti-hipertensivos de baixa dosagem, em uma pílula única, para avaliar se o melhor controle da pressão arterial previne novos eventos, como AVC isquêmico e hemorrágico, doenças do coração e, consequentemente, a taxa de mortalidade. De acordo com a Dra. Sheila Martins, investigadora principal do estudo e chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Moinhos de Vento, os resultados poderão contribuir para a introdução de uma medicação anti-hipertensiva de baixo-custo no SUS e com taxa de adesão significativa, além de ter possibilidade de manufatura em laboratórios públicos.
O estudo teve início em 2017 e é executado na Austrália, China, Inglaterra, Taiwan, Malásia, Singapura, Sri Lanka, Holanda, Suécia e Brasil. De acordo com a Dra. Ana Cláudia de Souza, neurologista vascular do Moinhos de Vento e líder médica da iniciativa no Brasil, a participação brasileira é fundamental para garantir a representatividade da amostra. “Isso porque o nosso país tem uma amostra étnica muito ampla, garantindo características genéticas muito diversas e com um sistema de saúde universal. Temos uma rede de pesquisa nacional muito forte na área de AVC com pessoas interessadas em mudar e qualificar o atendimento a estes casos. Além de contribuir internacionalmente, temos o potencial de incluir um novo medicamento, de baixo custo, eficaz e de tomada única, eliminando a dificuldade dos pacientes de tomar vários medicamentos ao longo do dia”, ressalta.
Confira abaixo a relação das cidades que estão recrutando participantes:
- Porto Alegre (RS): Hospital Moinhos de Vento e Hospital das Clínicas de Porto Alegre;
- Curitiba (PR): Instituto Flumignano;
- Joinville (SC): Hospital Municipal São José,
- São José do Rio Preto (SP): Hospital das Clínicas;
- Ribeirão Preto (SP): Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto;
- São Paulo (SP): Hospital Universitário da UNIFESP;
- Brasília (DF): Hospital Base de Brasília;
- Fortaleza (CE): Hospital Geral de Fortaleza;
- Bahia (BA): Hospital da Bahia;
- Botucatu (SP): Hospital das Clínicas de Botucatu.