Uso excessivo de opioides pode levar ao vício; condição que pode trazer sérios danos à saúde mental

Especialista do sono ressalta que o medicamento só deve ser utilizado após receitado por profissional da saúde; vício na substância pode levar à ansiedade, insônia, entre outros problemas de saúde

Estudos recentes comprovam que o uso de opioides, medicamento utilizado para o combate da dor, está em alta no Brasil. Segundo a Anvisa, em 2020 foram comercializadas mais de 20 milhões de embalagens dos analgésicos. No primeiro semestre de 2021, foram cerca de 14 milhões. O medicamento é vendido apenas com receita, o que leva a muitas pessoas trocarem constantemente de médicos até que consigam a prescrição, mesmo que de maneira inadequada.

Embora o uso de opioides não seja proibido, existe grande preocupação com o uso indiscriminado da droga, o que poderia levar a uma epidemia, como já acontece nos EUA. O abuso de medicamentos do tipo sem o devido acompanhamento médico pode trazer sérios danos à saúde física e mental. Entre os sintomas percebidos, é notável o quadro de ansiedade, mudanças de humor, sono excessivo e estímulos indesejáveis, que levam a perda de apetite e alta atividade cerebral que implica em uma série de problemas.

A psicóloga e especialista em sono Laura Castro, sócia e diretora de pesquisa da Vigilantes do Sono, ressalta que é necessário ouvir do profissional de saúde qual o tratamento adequado, em vez de buscar solução por conta própria. “Todas as consequências geradas pelo uso inadequado e excessivo dos medicamentos, causam sérios problemas que exigirão novos tratamentos e, possivelmente, mais gastos e preocupações. Cabe ao profissional indicar o caminho correto e ao paciente, seguir”, destaca.

De acordo com a especialista, a saúde mental é implacavelmente afetada quando há dependência. O uso contínuo e excessivo do medicamento prejudica a rotina, levando a quadro de ansiedade e dificuldades para dormir. Laura destaca que a procura do medicamento está muito alinhada com a expectativa do paciente em “se curar” rapidamente, contudo, é preciso pontuar que não há cura milagrosa e sim tratamento médico que trará resultados no médio e longo prazo.

“O uso de opioides é recomendado para o tratamento da dor, mas não de qualquer dor. Às vezes o paciente só está com um desconforto que o impede de dormir bem e que o incomode durante o dia, sendo algo que pode ser facilmente tratado com outro tipo de medicamento mais leve”, aponta Laura. Em casos como esses, como já destacado, cabe aos profissionais da saúde responsáveis pelo acompanhamento do quadro indicar a melhor opção medicamentosa ou não a ser seguida pelo paciente.