Abrasrenal cobra da ANS inclusão de terapia renal que garante maior qualidade de vida para doentes crônicos no rol dos planos de saúde

Apesar de vários países adotarem a Hemodiafiltração Online para reduzir a mortalidade de pessoas com problemas graves nos rins, Brasil pode seguir atrasado porque a terapia não está sendo recomendada para entrar no rol dos procedimentos cobertos obrigatoriamente pelos planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde (ANS) decidiu não recomendar a inclusão da Hemodiafiltração Online – terapia que vem sendo cada vez mais aplicada no mundo todo para tratar doentes renais crônicos cujos rins pararam de funcionar – no rol dos procedimentos a serem obrigatoriamente ofertados por planos de saúde a partir de 2021. A decisão final virá após consulta pública que está aberta até o dia 21 de novembro.

Por isso, a Aliança Brasileira de Apoio à Saúde Renal (Abrasrenal), entidade que defende os interesses dos doentes renais, está fazendo uma mobilização para que pacientes, familiares e a sociedade tentem reverter essa decisão no site da ANS (https://bit.ly/UmaCausaPelaVida). Basta acessar, escolher a hemodiafiltração online e escrever texto informando que não concorda com a decisão preliminar e solicitar a cobertura do tratamento. Há no Brasil mais de 140 mil pessoas em diálise, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

A inclusão era muito esperada pelos pacientes renais de todo o país que possuem planos de saúde, porque somente alguns, em torno de 4% deles, já conseguem realizar o tratamento com a autorização de seus planos. Diante dos bons resultados percebidos por esses pacientes, há uma grande expectativa de que a Hemodiafiltração Online se torne mais acessível ao menos para 10% deles.

“Essa terapia é mundialmente conhecida por proporcionar maior qualidade de vida para o paciente renal crônico, que já enfrenta tantas dificuldades cotidianas por ter que ir para as clínicas de diálise receber o tratamento três vezes por semana, todas as semanas, para sobreviver. É importante a conscientização das pessoas da importância de participarem da consulta pública defendendo a terapia. Precisamos da ajuda da sociedade civil nessa luta por melhor tratamento. O país não pode perder o bonde do avanço tecnológico. Precisamos ter, assim como na Argentina, acesso aos melhores tratamentos. Sem esse passo de inclusão da hemodiafiltração no rol dos planos de saúde, a terapia nunca vai chegar aos pacientes do SUS num futuro de médio prazo. Perdem todos”, destaca o diretor geral da Abrasrenal, Gilson Nascimento da Silva.

Quem já oferece a hemodiafiltração online

Estados Unidos, França, Inglaterra, Espanha, Portugal, Japão, Rússia. E até países em desenvolvimento como Argentina, México, Colômbia também. Na Europa, já são 20% dos pacientes tratando-se desta forma; com destaque para Portugal, onde 60% dos pacientes que dialisam fazem por hemodiafiltração. No Japão, quase 100.

A nefrologista Ana Beatriz Barra, diretora médica da Fresenius Medical Car, explica que a Hemodiafiltração Online de Alto Volume possibilita a melhor remoção de toxinas nocivas ao organismo. “Esperamos que, com a consulta pública, a ANS reverta a sua posição e entenda que esta população, já extremamente afetada pelo comprometimento da doença, merece viver mais e melhor.

A própria análise crítica da ANS admitiu uma redução da mortalidade em 27% para portadores de doenças cardiovasculares, que é a principal causa de óbito dos pacientes em programas de diálise. A esperança e o bem-estar são fundamentais para estes pacientes, especialmente aqueles que não podem transplantar ou que aguardam na fila um transplante renal. Lidamos com pessoas que têm projetos, sonhos e querem viver mais e melhor, apesar de órgãos vitais que não funcionam mais. Estamos contando com todos que convivem com estes pacientes para sensibilizar a Agência, assim como os estudiosos do assunto que podem dar suas opiniões técnicas”, argumenta.

Os benefícios do tratamento são endossados pela National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE), no Reino Unido, e no Brasil, pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, que também votou pela inclusão da terapia no rol em consulta feita pela ANS.