Plataforma de inteligência de dados mapeia a distribuição de equipamentos de mamografia pelas regiões brasileiras, a quantidade de exames realizados e a taxa de mortalidade de mulheres ao longo dos anos pelo câncer de mama.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer em mulheres de todas as regiões brasileiras, exceto na região Norte, onde o câncer de colo do útero ocupa a primeira colocação. Para dimensionar a atual capacidade do serviço de saúde no Brasil para atendimento e diagnóstico de câncer de mama, uma empresa especializada em inteligência de dados para o setor de saúde, a LifesHub, organizou informações fornecidas pelo Ministério da Saúde permitindo a análise da distribuição de equipamentos mamógrafos com comando simples, mamógrafos com estereotaxia e mamógrafos computadorizados presentes nas regiões brasileiras, dimensionando, também, o volume de exames realizados e de mortalidade devido à evolução da doença.
Estrutura brasileira para diagnóstico do câncer de mama
De acordo com o estudo realizado pela healthtech catarinense, atualmente, o Brasil possui 6.657 equipamentos de mamografia distribuídos em todo o país, sendo que 44% da estrutura fica na região Sudeste, 25% no Nordeste, 15% no Sul, 9% no Centro Oeste e 6% na região Norte. A distribuição de mamógrafos por Estado pode ser vista na tabela a seguir, bem como o crescimento no número de equipamentos nos últimos 04 anos:
Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES.
Informações geradas através da Plataforma de Inteligência em Saúde – Lifeshub
Em relação à quantidade de estabelecimentos habilitados para a assistência especializada e integral ao paciente com câncer, o país possui 430 estabelecimentos, sendo 356 hospitais gerais, 70 hospitais especializados, 3 clínicas especializadas e 1 hospital dia habilitado para o tratamento do câncer.
Realização de exames de mamografia
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam a mamografia anual para mulheres a partir dos 40 anos de idade, visando o diagnóstico precoce e a redução da mortalidade. A recomendação difere, entretanto, da indicação do Ministério da Saúde, que preconiza o rastreamento bianual a partir dos 50 anos, excluindo dos programas de prevenção as mulheres entre 40 e 49 anos, que correspondem hoje a cerca de 15 a 20% dos casos de câncer de mama.
Ao todo, no primeiro semestre de 2022 já foram realizados no Brasil 1,8 milhões de mamografias. Números consolidados da realização de exames diagnósticos demonstram que houve uma queda de 18% na busca do procedimento por parte da população brasileira comparando a quantidade de mamografias realizadas em 2018 e 2021, sendo possível que a queda se justifique pelo período de distanciamento devido à pandemia de COVID-19.
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS)
Informações geradas através da Plataforma de Inteligência em Saúde – Lifeshub
Totalizando os exames por mamografia realizados pelo Sistema Único de Saúde – SUS, é possível perceber que apenas 10 Estados tiveram aumento na realização dos procedimentos diagnósticos no comparativo 2018-2021, sendo eles o Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Taxas de mortalidade por câncer de mama por idade e regiões brasileiras
A mortalidade por câncer de mama aumenta conforme evolui a faixa etária das mulheres, por isso a preocupação em garantir a realização de exames preventivos que possam detectar alterações mamárias o quanto antes, ampliando as possibilidades de tratamento. De acordo com dados fornecidos pelo Atlas de Mortalidade por Câncer do INCA, é possível observar as taxas de óbito específicas por faixas etárias, por 100.000 mulheres, no período de 1980 a 2020, com um crescimento mais acentuado em idades mais avançadas.
Taxa de mortalidade por 100 mil mulheres, por faixa etária. Fonte: Atlas de Mortalidade por Câncer – INCA. – LifesHub
Na mortalidade proporcional por câncer em mulheres, no período 2016-2020, os óbitos por câncer de mama ocupam o primeiro lugar no país, representando 16,3% do total. Ainda de acordo com os dados fornecidos pelo INCA, esse padrão é semelhante para as regiões brasileiras, com exceção da região Norte, onde os óbitos por câncer de mama ocupam o segundo lugar, com 13,6%. Os maiores percentuais na mortalidade proporcional por câncer de mama foram os do Sudeste (17,2%) e Centro-Oeste (16,8%), seguidos pelo Nordeste (15,6%) e Sul (15,5%).
Taxa de mortalidade por regiões brasileiras. Fonte: Atlas de Mortalidade por Câncer – INCA. LifesHub
Embora alguns Estados das regiões Norte e Nordeste brasileiras tenham apresentado aumento na realização de exames preventivos de câncer de mama, a curva ascendente demonstra que a taxa de mortalidade nessas regiões aumentou, enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram estabilidade nos últimos anos.
Para o médico Ademar Paes Júnior, sócio-fundador da LifesHub, campanhas como o Outubro Rosa colaboram para tornar a população mais consciente sobre a importância da prevenção e para a preservação da saúde das mulheres, mas por parte dos serviços de saúde pública e privada, é necessário perceber onde estão as lacunas no trabalho preventivo, para que os gestores de saúde possam direcionar seus esforços e recursos de maneira estratégica, para ações que realmente melhorem o acesso das mulheres aos recursos preventivos.
A LifesHub está sediada em Florianópolis-SC e fornece desde 2019 inteligência estratégica para a tomada de decisão de empresas que atuam na área da saúde em setores como equipamentos, planos de saúde, rede prestadora de serviços entre outros. Com um formato inovador, a plataforma converge mais de 3.000 fontes do mercado de saúde. O cruzamento de todos esses dados permite realizar a análise de mais de 1,2 milhões de empresas, 3 milhões de profissionais, 78,3 milhões de beneficiários de sistemas de saúde suplementar e 7,5 bilhões de procedimentos anuais, identificando, por exemplo, oportunidades de novos mercados, demandas por equipamentos, tendências de crescimento ou queda no uso dos serviços de saúde com alta assertividade.
“Sabemos da importância de direcionar os investimentos em saúde de forma assertiva, para que recursos – por vezes escassos – não sejam desperdiçados, mas promovam de fato melhorias na prevenção de doenças e na saúde da população atendida. Por esse motivo, torna-se tão importante divulgarmos cruzamentos de dados como estes, para que as decisões sejam tomadas baseadas em informações estratégicas que colaboram com a melhoria nos serviços para a população”, complementa Ademar.