Dia Mundial do Sono: associação alerta que ronco pode indicar distúrbio de saúde

Estudo estima que 936 milhões de pessoas têm apneia obstrutiva do sono no mundo. Campanha da ABORL-CCF tem como lema “ronco não é piada”.

 Nesta sexta-feira (18 de março) será celebrado o Dia Mundial do Sono. A data, que chama a atenção global para a importância do sono na saúde e na qualidade de vida, é destacada pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) como oportunidade de discutir um problema que, muitas vezes, é encarado como brincadeira ou um simples incômodo: o ronco.

Com o lema “ronco não é piada”, a entidade lança sua campanha do Dia Mundial do Sono para conscientizar a população sobre a importância de investigar o problema. “O ronco é um dos principais sintomas da apneia obstrutiva do sono, caracterizada pela obstrução completa ou parcial do fluxo de ar nas vias respiratórias enquanto se está dormindo”, explica o coordenador do Departamento de Medicina do Sono da ABORL-CCF, Danilo Sguillar.

Um estudo da universidade norte-americana de Johns Hopkins revelou que pessoas que roncam e possuem apneia obstrutiva do sono têm mais chances de morrer do que quem não sofre com o problema.

“Quem tem ronco e apneia não descansa o quanto deveria, não tem um sono reparador e tende a ter sonolência durante o dia, dificuldade de concentração, irritabilidade e prejuízo na memória, o que afeta o rendimento profissional. Dependendo da gravidade do problema, essa má qualidade do sono pode acarretar hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além de depressão, ansiedade e maior risco para acidentes, ou seja, a doença não tratada diminui a expectativa de vida”, esclarece o médico otorrinolaringologista.

Um estudo publicado em 2018 no The Lancet estimou que mais de 936 milhões de pessoas têm apneia obstrutiva do sono no mundo. O número é quase 10 vezes maior do que a estimativa da Organização Mundial da Saúde em 2007, de mais de 100 milhões de pessoas com a doença. No Brasil, um estudo feito pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) apontou que este problema atinge cerca de 1/3 dos paulistanos.

De acordo com o especialista da ABORL-CCF, a apneia obstrutiva do sono está entre as principais doenças que impactam o sono. Ela é mais prevalente em pessoas do sexo masculino, a partir dos 50 anos de idade, com obesidade e alterações faciais, como o indivíduo que tem o queixo mais recuado, língua volumosa, amígdalas aumentadas e desvios de septo nasal.

“O ronco é um problema que merece atenção e a avaliação do médico otorrinolaringologista, uma das principais especialidades envolvidas para diagnosticar e tratar estes distúrbios do sono,” esclarece Sguillar. Metade dos médicos do sono certificados pela Associação Médica Brasileira são otorrinolaringologistas.

Quantidade de sono

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Sono, a população está dormindo menos nos últimos anos. Em 2018, a média foi de 6 horas e 36 minutos, e, em 2019, esse indicador caiu para 6 horas e 24 minutos.

Sono na pandemia

Um estudo publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine, no qual Dr. Danilo é um dos coautores, avaliou o sono nos profissionais da saúde durante a pandemia. A pesquisa revelou que 41% dos entrevistados apresentaram sintomas de insônia ou pioraram a insônia já existente. Além disso, 61% dos participantes reportaram piora da qualidade do sono e 13% iniciaram tratamento medicamentoso para o problema.

Dicas do especialista

O sono é um pilar fundamental da saúde humana, importante para o desempenho neurológico e físico. Segundo Danilo, algumas medidas podem auxiliar as pessoas a dormirem melhor e terem um sono de qualidade. São elas:

● Fazer atividade física regular.
● Ter uma alimentação adequada, leve no jantar, para ter uma noite de sono mais tranquila e sem interrupções.

● Não consumir alimentos à base de cafeína, como chá preto, café e refrigerante à base de cola.

● Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

● Não fumar.

● Perder peso, no caso de pacientes com obesidade.

● Adotar práticas de higiene do sono, como evitar telas durante a noite. Celulares, tablets e televisores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar.

● Ler fora da cama, pois ajuda a embalar o sono.

● Dormir no quarto escuro.
● Praticar meditação pode facilitar a preparação para o sono.