Número chama atenção e especialistas reforçam a importância de falar sobre o assunto
Dados da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) mostram que 11,5 % dos partos realizados no País são de bebês prematuros, o que coloca o Brasil em 10º lugar com mais nascimentos pré-termo em números absolutos. As causas mais comuns da prematuridade estão ligadas a fatores maternos, fetais ou placentários que, segundo especialistas, nem sempre podem ser identificados precocemente.
Para a funcionária pública Verena Alves Rodrigues, 32, o diagnóstico de polidrâmnio foi uma surpresa, já que estava prestes a completar 32 semanas de gravidez. Por conta da doença, que aumenta a produção de líquido amniótico no útero, a pedagoga conta que “de uma gravidez tranquila, passou para uma gestação de alto risco de um minuto ao outro”.
Verena, que é mãe de quatro crianças, deu à luz a Leonardo com 2.890kg devido ao inchaço do corpo causada pela hidropisia fetal, doença que acomete várias cavidades do corpo do bebê durante a gestação. O menino sofreu oito ataques cardíacos em consequência de um quadro grave de arritmia cardíaca e precisou ficar intubado por 17 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Hoje, de alta hospitalar, a mãe comemora os avanços na recuperação do filho. Leonardo, apesar de ainda lutar para manter o pequeno coração com os batimentos cardíacos em ritmo considerado normais para a sua idade (quatro meses), tem apresentado uma melhora significativa, graças ao tratamento médico e ao cuidado dos pais dentro e fora do ambiente hospitalar.
A funcionária pública é uma entre as muitas mães que vivenciam a prematuridade por diversos fatores. Thais Medeiros, 35, também é mãe de prematuro. Deu entrada no Pronto-Socorro do HSPE com 19 semanas de gestação sentindo leve desconforto abdominal e precisou antecipar o parto aos seis meses incompletos devido ao rompimento da membrana amniótica da bolsa.
Isabella nasceu com 500g e foi imediatamente levada à UTI Neonatal, onde permaneceu internada por sete meses. Lá, a menina passou por três cirurgias e ainda hoje recebe auxílio de oxigênio para respirar durante o sono. Em casa há três meses, a pequena vem ganhando peso e reagindo aos estímulos oferecidos a ela, segundo a mãe. “É incrível como ela tem se desenvolvido pouco a pouco”, comenta Thaís.
É comum que bebês prematuros, principalmente os que nascem com o peso menor que 1000g considerados pré-termo extremo, tenham algum tipo de complicação que requeira hospitalizações em UTIs Neonatais e Semi-intensivas, segundo explica a neonatologista do HSPE Dra. Helenilce Costa. O tratamento clínico ofertado para o recém-nascido, na maioria dos casos, depende do peso ao nascer e outros fatores.
Ainda de acordo com a médica, o bebê prematuro pode ainda desenvolver sequelas físicas ou emocionais que são observadas pelos especialistas em diferentes períodos da vida, incluindo a fase adulta. Para a médica, não só a conscientização sobre a prematuridade, suas causas e consequências é de extrema importância, mas também a implementação de boas práticas de assistência para o período neonatal (após o nascimento do bebê) nas instituições de saúde, a fim de que tanto o bebê quanto a mãe recebam os cuidados necessários em curto e longo prazo.