Hepatites Virais: campanha do julho amarelo chama atenção para os cuidados com as doenças

De Rafael

Além de ter um mês dedicado à conscientização e à prevenção, 28 de julho é o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais

Desde 2019, o mês de julho toma o tom amarelo para chamar a atenção ao combate às hepatites virais, além de ter o dia 28 de julho dedicado ao Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O alerta à população partiu da representação brasileira na Assembléia Mundial da Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS), para conscientizar as pessoas em relação aos diferentes tipos da enfermidade e reforçar ações de vigilância de saneamento como medida de proteção contra essas doenças. “As hepatites virais são doenças infecciosas causadas por vírus que afetam o fígado. Apesar de infectar o mesmo órgão, cada tipo de hepatite tem sua peculiaridade”, explica o médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, Victor Bertollo.

Tipos de Hepatite e transmissão

Atualmente, existem cinco tipos principais de hepatites diagnosticadas em humanos: A, B, C, D e E. “No Brasil, os tipos comuns são o A, o B e o C”, explica o Dr. Victor. As hepatites D e E são comuns na Ásia e na África, mas também há casos na região Norte do Brasil. Existem ainda outros dois tipos de hepatites menos comuns como a F e a G. As formas de transmissão são diversas. Os vírus das hepatites A e E podem ser transmitidos de forma fecal-oral, ou seja, por meio de alimentos e água contaminados por resíduos fecais que contenham o vírus.

“Esses tipos são mais comuns em locais com pouco saneamento básico, como encontrado em algumas cidades no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste”, ressalta o infectologista. As hepatites B e C são transmitidas por contato com sangue contaminado ou uso de agulhas e seringas contaminadas. A hepatite B também é uma doença sexualmente transmissível, o que não é verdade para a hepatite C que é transmitida muito raramente por via sexual.

Ainda existe o risco de transmissão vertical, “O alerta para esses tipos é que o vírus pode ser transmitido também de mãe para filho durante a gestação ou no parto”, acrescenta o Dr. Victor. As hepatites podem também ser não virais, como a autoimune e a alcoólica. A hepatite autoimune acontece quando o próprio corpo começa a atacar o fígado com anticorpos.

A hepatite alcoólica acontece por causa do consumo excessivo de álcool. Esse consumo pode levar a pessoa a ter cirrose e insuficiência hepática. Assim como na Hepatite A, os principais sintomas da hepatite alcoólica são febre, dores abdominais, falta de apetite, náusea e diarreia. No entanto, em casos mais graves, a pessoa pode ter acúmulo de fluidos no abdômen, convulsões, olhos e peles amarelados e perda de cabelo.

Sintomas e tratamentos

As hepatites A e E causam doenças agudas, ou seja, de duração curta, sendo em sua maioria casos leves e autolimitados, no entanto podendo eventualmente evoluir para quadros graves e fulminantes, potencialmente fatais.

As hepatites B e C podem evoluir para infecções crônicas persistentes, levando a quadros de cirrose hepática e mesmo câncer do fígado. A grande preocupação com as hepatites virais é com a sua característica de ser uma doença silenciosa. “Existem pessoas que são portadoras dos vírus da hepatite B e C que não sabem que têm a doença”, fala o especialista. Apesar disso, os sintomas, quando manifestados, são: enjoos, febre, perda de apetite, tontura, dor abdominal, mal estar, icterícia, urina escura e fezes claras. O tratamento para cada tipo de hepatite possui as suas especificidades. A Hepatite A não tem tratamento específico. “O tratamento é de suporte e, nos casos mais graves, pode haver a necessidade de transplante hepático. A maioria das pessoas, no entanto, irá evoluir para cura espontânea, e a pessoa não pega o vírus mais de uma vez”, clarifica o dr. Victor.

As hepatites A e B possuem atualmente vacinas. A vacina da hepatite B é administrada nos recém-nascidos 12 horas após o parto, e depois aos três e seis meses de idade. Ao total são 3 doses. Os adultos podem tomar vacina, caso não tenham recebido quando criança. O mesmo imunizante pode proteger a pessoa contra a Hepatite D tendo em vista que a hepatite D acomete apenas individuos que já tenham a hepatite B. Já a Hepatite C não tem vacina, mas existe um tratamento com altas taxas de cura. “Atualmente o tratamento é bem curto e tem baixas taxas de efeitos colaterais”, pontua o médico. Ele conclui que o tratamento tem duração média de três meses, apenas utilizando comprimidos, e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A hepatite B pode evoluir para cura espontânea pelo próprio indivíduo, no entanto nos casos de infecção crônica, existe tratamento a ser indicado para alguns casos específicos, sendo necessário uma avaliação caso a caso.

Prevenção e diagnóstico precoce

A prevenção contra as hepatites virais é de suma importância para diminuir a contaminação, enquanto o diagnóstico precoce diminui a chances de complicações. “O diagnóstico precoce é fundamental. Toda população acima de 40 anos deveria ser testada ao menos uma vez na vida, bem como pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1992, que tenham compartilhado seringas, faça uso de drogas injetáveis e inalatórias, e/ou que tenham práticas sexuais sem proteção”, finaliza o infectologista, do Hospital Anchieta de Brasília.

Em todos os tipos, os médicos recomendam a suspensão da ingestão de bebidas alcoólicas e o início de uma dieta com pouca gordura.

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