Para o Dr. Wilderi Sidney, especializado em saúde pública, esgotamento profissional de médicos é desafio para gestores de saúde
Médicos costumam ter uma rotina exaustiva. O estresse causado pelo dia a dia, o nível de responsabilidade e as longas jornadas de trabalho fazem com que esses profissionais tenham alta probabilidade de sofrer um burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Essa situação, que já era comum em muitos hospitais e pronto-atendimentos pelo Brasil a fora antes da pandemia, foi agravada nos dois últimos anos com o coronavírus. Não à toa, um estudo conduzido pela Associação Médica Brasileira (AMB), em meio ao surto da variante ômicron do coronavírus, revelou que 51% dos entrevistados estavam esgotados com a situação, e 64% avaliaram que seus colegas também estavam sobrecarregados.
Outra pesquisa, dessa vez realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), indicou que 45,6% dos médicos estavam com alto nível de burnout. Para o médico especializado em saúde pública Dr. Wilderi Sidney, as longas jornadas de trabalho e o nível de responsabilidade são alguns dos causadores da doença entre os profissionais de saúde. Apesar da pandemia ter arrefecido, o médico acredita que os profissionais de saúde seguem sofrendo com o esgotamento profissional.
“A própria natureza da profissão médica sempre nos colocou em categoria de risco para a doença. Mas, para além disso, os problemas do nosso sistema de saúde, que hoje também sofre com a demanda reprimida pela covid, não alteram a situação vivida durante a pandemia, pelo contrário”, acrescenta.
É o caso da proctologista de Maceió Aline Appel. A médica diz que assim que terminou a faculdade e a residência trabalhava de dez a doze horas por dia, de segunda a segunda-feira. “Essa rotina extenuante me colocou numa posição de sentir culpa por não conseguir ter tempo para mim e minha família e ao mesmo tempo não conseguir entregar o atendimento de qualidade que eu julgava necessário para os pacientes”, relata a médica.
Ainda segundo Sidney, esse nível de esgotamento dos profissionais médicos é prejudicial a todo o sistema de saúde. “O médico que está com burnout tem mais chances de errar e de realizar um atendimento insuficiente. O investimento em infraestrutura das unidades de saúde, sobretudo na atenção básica, na valorização do trabalho do médico com a melhora de salários e plano de carreira e da formação médica são caminhos possíveis de serem seguidos pelo poder público e assim contribuir para a melhoria não apenas da saúde do médico, mas do sistema de saúde como um todo”, defende. Não à toa, Wilderi é o idealizador do projeto Círculo Virtuoso da Medicina (CVM), empresa de educação que utiliza uma metodologia baseada em ciência e que tem como um de seus objetivos concientizar médicos sobre atendimentos mais humanizados para os pacientes e ao mesmo tempo valoriza o trabalho médico.
Sobre Dr. Wilderi Sidney Guimarães:
Natural de Picos, no Piauí, Dr. Wilderi Sidney Guimarães é formado em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com especialização em Medicina de Família e Comunidade. Também possui mestrado em Saúde Pública pela UFAM, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Entre 2011 e 2012, atuou como médico de comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas. Entre 2012 e 2014, fez parte do corpo de médicos da Secretaria Especial de saúde Indígena (SESAI). E entre 2014 a 2020, atuou como docente de Saúde Coletiva e Preceptor do Internato Rural no curso de Medicina da UFAM. Wilderi é o idealizador do projeto Círculo Virtuoso da Medicina (CVM), empresa de educação que utiliza uma metodologia baseada em ciência e que tem como um de seus objetivos concientizar médicos sobre atendimentos mais humanizados para os pacientes e ao mesmo tempo valoriza o trabalho médico.