SBD orienta médicos sobre disponibilidade no SUS e planos de saúde de medicamentos de alta eficácia contra psoríase

No Dia Nacional e Mundial da Psoríase (29 de outubro), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou informe aos mais de 10 mil médicos associados a respeito da disponibilização das terapias imunobiológicas que ajudarão no tratamento de doenças dermatológicas graves, que afetam a qualidade de vida de milhões de pessoas. Neste informe, a SBD lembra que os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) já podem ter acesso as terapias imunobiológicas para o tratamento da psoríase e da hidradenite supurativa e os pacientes do sistema privado (operadoras de saúde) já têm cobertura obrigatória desta terapia para psoríase, hidradenite supurativa e urticária crônica espontânea.

Com esse aviso, a SBD orienta os profissionais sobre a possibilidade da obtenção dessas drogas, o que era uma reinvindicação antiga. “Além do envio de mensagens para os médicos, vamos promover lives para discutir com os dermatologistas os avanços no tratamento de doenças que afetam a pele. Isso faz parte de uma estratégia que ocorre em outubro, mês dedicado à psoríase. Trata-se de uma doença inflamatória, não contagiosa e crônica, cujo cuidado representa um desafio para todos”, ressalta André Carvalho, coordenador da Campanha Nacional de Conscientização sobre Psoríase, promovida pela SBD.

Segundo ele, os avanços foram incorporados, mas nem todos os dermatologistas estão cientes disso ou sabem como solicitar o acesso aos medicamentos para seus pacientes. Por isso, a SBD decidiu atuar junto aos seus associados, o que permitirá a eles alcançar melhores resultados no acompanhamento dos casos da doença. Carvalho explica que para saber como proceder em cada estado, o médico deve buscar as secretárias estaduais ou municipais de saúde e centrais de atendimento que as operadoras disponibilizam aos profissionais.

Comemoração – A possibilidade de contar com esse suporte terapêutico é motivo de comemoração, acreditam os especialistas da SBD. Depois de anos de negociação com o governo e representantes dos planos de saúde, as pessoas que sofrem com a psoríase podem solicitar acesso a medicamentos de alta eficácia dentro da rede pública e junto aos planos de saúde. O número de beneficiados diretos é grande: cerca de cinco milhões de brasileiros.

A aprovação da incorporação dos imunobiológicos foi publicada em setembro de 2019, no Sistema Único de Saúde (SUS). Em abril de 2021, foi a vez da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovar a inclusão dessas drogas no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. No entanto, apesar dos avanços, a SBD espera que essa relação seja ampliada nas duas esferas, por isso mantém tratativas no âmbito da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e da ANS.

“A SBD vem há anos trabalhando junto ao Ministério da Saúde e aos planos para incorporar os imunobiológicos na assistência dos pacientes. Essa luta visa melhorar o atendimento para pacientes com psoríase e com outros problemas”, conta Paulo Oldani, coordenador do Comitê de Imunobiológicos da SBD. Segundo ele, essas drogas (produzidas a partir de células vivas) são muito eficientes no tratamento de doenças imunomediadas. Elas agem em pontos específicos bloqueando o processo inflamatório, responsável pelo surgimento da doença.

Terapias – Em 2019, os medicamentos imunobiológicos incluídos no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para psoríase no âmbito do SUS foram: adalimumabe, como primeira opção de tratamento; secuquinumabe e o ustequinumabe, indicados numa segunda etapa, após falha ou contraindicação da primeira opção; e o etanercepte, para pacientes pediátricos, que falharam ou tenham contraindicação à terapia tradicional. Este ano o risanquizumabe também foi incorporado ao SUS, mas ainda não está sendo dispensado aos pacientes.

No segmento dos planos de saúde, a mudança começou dois anos depois (2021) com incorporação de sete medicamentos imunobiológicos ao rol de procedimentos e eventos em saúde, após a aprovação pela ANS. Adalimumabe, etanercepte, guselcumabe, infliximabe, ixequizumabe, secuquinumabe e ustequinumabe aparecem nesta relação. A SBD espera que em breve outras duas drogas – risanquizumabe e o certolizumabe – passem a fazer parte destas opções de tratamento para quem tem plano de saúde.

Na avaliação dos especialistas, o benefício é evidente. “Nós tínhamos uma demanda reprimida. No SUS, havia vários casos de pacientes que estavam com medidas judiciais. Nos planos de saúde, alguns conseguiam por liberalidade. Agora o acesso é garantido e facilitado. Então, com certeza houve uma melhora na saúde e na qualidade de vida dessas pessoas, pois eram pacientes que já não tinham mais opção de tratamento”, afirmou Oldani.

Arsenal – A principal vantagem para o dermatologista aparece no aumento do arsenal terapêutico para a assistência à pessoa com psoríase. “Com essas novas opções, o tratamento pode ser individualizado. Há pacientes que respondem melhor a um mecanismo de ação do que outros. Então, termos alternativas ajuda bastante. Além disso, a psoríase grave gera várias comorbidades, o que, muitas vezes, exige ajustes nos procedimentos para poder se adequar a elas”, disse Heitor de Sá Gonçalves, vice-presidente da SBD.

Para ele, o acesso aos medicamentos marca um novo tempo. Na sua avaliação, essa oferta, hoje disponível, era impensável há dez anos. “A tendência é melhorar, porque temos algumas perspectivas já saindo do forno, para outras formas de psoríase, como a do tipo pustulosa. Com isso, vamos conseguir gerar economia para o SUS, ao reduzir despesas com o tratamento de comorbidades, e oferecer ao paciente condições de se integrar à sociedade, o que ajuda até na sua saúde mental e produtividade”, ressaltou.

Há inúmeras opções de tratamento, que incluem medicamentos de uso tópico, sistêmico, biológico e com fototerapia, conforme a gravidade e o estágio da doença. A principal meta do tratamento é eliminar total ou quase totalmente as lesões na pele, diminuindo o impacto da doença na qualidade de vida funcional, física e psíquica. Para saber o tratamento mais indicado, procure um dermatologista.