Crianças em tratamento oncológico precisam ter rotina acolhedora

De Rafael

SOBOPE ressalta a importância da infância no desenvolvimento dos pequenos e dá dicas para tornar a rotina de tratamento menos agressiva

Nesta segunda-feira, 21 de março, é celebrado o Dia Mundial da Infância. A Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) tem o compromisso de reforçar a importância da primeira etapa de vida dos pequenos e garantir a atenção e assistência às crianças e adolescentes em tratamento oncológico, valorizando a preservação da infância.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 8.460 novos casos de câncer infanto-juvenis (4.310 em meninos e 4.150 em meninas), o que corresponde a um risco estimado de 137,87 casos novos por milhão no sexo masculino e de 139,04 por milhão para o sexo feminino.

Segundo a Dra. Arli Pedrosa, psicóloga e membro da SOBOPE, é fundamental que os elementos infantis estejam presentes no tratamento contra o câncer. A criança deve poder contar com profissionais habilitados e treinados na equipe de atendimento, além de terapeutas ocupacionais, bibliotecários, professores, psicólogos e voluntários.

“A criança em tratamento oncológico não vai deixar de ser criança em nenhum momento. Deve ter os seus direitos preservados, precisa sonhar, ter acesso a brinquedos. Isso facilita o lidar com o imaginário e as fantasias próprias da infância, o que ajuda no processo de enfrentamento de um momento extremamente delicado e difícil da sua vida”, afirma.

Para a especialista, é de extrema relevância que os pequenos estejam sempre na companhia de seus familiares e amigos, além de ter tarefas em seu dia a dia para estabelecer uma rotina mais próxima do “normal” e, assim, poderem se distrair e tirar um pouco o foco do tratamento.

“A criança pode fazer tudo que o organismo dela permitir. As limitações diferem para cada situação e fase do tratamento. Algumas ficam mais fatigadas e indispostas, algumas medicações alteram o humor e comportamento, mas não existem proibições. Ela é o termômetro para realizar o que a condição física permitir, nada é proibido, apenas os excessos”, aconselha a profissional.

Transparência é outra condição fundamental. A Dra. Arli recomenda sempre ser sincero com a criança e esclarecer o que está acontecendo: “Explicar qual a doença, como será o tratamento, falar sobre as medicações e seus efeitos colaterais. Estabelecer uma rotina, que nem sempre vai ser a mais agradável, mas que pode e deve ter o elemento de acolhimento. É preciso estar presente e descobrir, juntos, qual a melhor forma de enfrentar o dia a dia”.

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