O legado do cibercrime na saúde das empresas

De Rafael

Organizações investem para fortalecer áreas de segurança de dados em virtude da alta global de ciberataques

Por Bruno Machado*

Que os ataques cibernéticos dispararam na pandemia, é uma realidade incontestável. A ampliação do trabalho remoto, a aceleração da digitalização dos negócios e a explosão no compartilhamento online de conteúdos representaram um terreno fértil para atuação desmedida dos criminosos virtuais nesse período. Não por acaso, multiplicam estudos em diversos países sobre o crescimento dos ciberataques em nível mundial.

E nesse contexto o Brasil é medalhista olímpico, infelizmente. Considerado um dos principais alvos globais de cibercrimes às empresas pelo estudo da consultoria alemã Roland Berger, o país abocanhou no primeiro semestre deste ano a sétima posição no ranking das nações mais afetadas pelos ransomware (vírus que sequestra dados da vítima), de acordo com o levantamento da empresa Apura Cyber Intelligence.

Só nos primeiros oito meses deste ano, houve alta de 23% nos casos de cibercrimes ante o mesmo período de 2020, conforme pesquisa da companhia de cibersegurança Kaspersky – a pesquisa apontou o país ainda como líder da América Latina em tentativas de ransomware e phishing (obtenção irregular de dados confidenciais). Já outra pesquisa feita pelo Instituto Datafolha em parceria com a Mastercard apontou que 57% das empresas brasileiras são alvos de ataques e fraudes digitais com média e alta frequência.

Devido aos impactos dantescos que provocam na saúde financeira e na imagem corporativa das organizações, os ciberataques já são considerados o terceiro maior risco global às empresas em 2021, segundo levantamento da Allianz Risk Barometer realizado junto a 2.700 companhias em 92 países, superando questões como volatilidade ou flutuação do mercado. Traduzindo em números, a perda global com cibercrimes deve atingir 6 trilhões de dólares em 2021 (mais que o PIB do Japão, o terceiro maior do mundo), segundo a União Internacional das Telecomunicações (UIT).

Nesse sentido, a área da Saúde é uma das mais afetadas. Um estudo da consultoria alemã Statista revelou que o setor liderou o número de vazamentos globais em 2020, acima de segmentos como Informação, Finanças e Seguros e Administração Pública. Tal realidade se mostra sensível quando falamos de uma área que envolve a vida humana, exames, diagnóstico e dados pessoais dos pacientes.

Não por acaso, o mês de outubro passou a ser considerado o Mês da Consciência em Cibersegurança e, embora ainda apenas 41% das companhias nacionais possuam políticas de segurança bem estabelecidas, cada vez mais o universo corporativo está se movimentando no sentido de fortalecer os seus departamentos de segurança da informação e proteção de dados da companhia, colaboradores e clientes.

É o caso de empresas como o Grupo Fleury, Renner, Porto Seguro, JBS e CVC, que foram vítimas recentes de cibercrimes. A Lei Geral de Proteção de Dados, por sua vez, tem obrigado as companhias a investirem em soluções para assegurar a proteção dos seus dados e dos clientes. Já as certificações que atestam controles de segurança também passam a ser mandatórios nas empresas. Dessa forma, fortalecer o setor de cibersegurança representa um caminho sem volta para a saúde das empresas que desejam não apenas sobreviver, mas prosperar neste admirável mundo pós-pandemia.

* Bruno Machado é CTO da Funcional Health Tech.

A Funcional Health Tech oferece serviços de alta tecnologia para vários players do mercado de saúde, incluindo empresas, farmácias, indústria farmacêutica, planos de saúde e hospitais. Fundada em 1999, a companhia possui mais de 300 clientes corporativos, processa mais de R$ 10 bilhões ao ano em seus sistemas de gestão nas redes de farmácias e cerca de R$ 5 bilhões de contas médicas em Health Analytics. Já são 10 milhões de pacientes beneficiados pelos serviços que a Funcional Health Tech oferece ao mercado.

Veja também